Como foi o primeiro dia de Julgamento de Jair Bolsonaro e demais réus no STF por tentativa de golpe
2 de setembro de 2025 0 Por Redação Em NotíciaPrimeiro dia de sessões teve defesa da democracia por Alexandre de Moraes, manifestação da PGR e falas de quatro defesas, com a do ex-presidente esperada para a próxima sessão
O primeiro dia de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus na ação penal que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito foi marcado por manifestações em defesa da soberania nacional por parte do ministro relator, Alexandre de Moraes, e do procurador-geral da República, Paulo Gonet. A sessão, encerrada antes das 18h desta terça-feira, contou com as falas de quatro defesas.
A sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) teve início com a leitura do relatório de Alexandre de Moraes. Antes de apresentar o documento, o ministro afirmou que “o Brasil chega em 2025 com uma democracia forte, as instituições independentes, economia em crescimento e a sociedade civil atuante”. Ele acrescentou que o julgamento é “mais um desdobramento do exercício da Constituição“.
Na sequência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, iniciou seu parecer exaltando os instrumentos constitucionais de defesa da democracia. Ele mencionou o que considera provas do plano golpista — como manuscritos, mensagens, a gravação de uma reunião ministerial e discursos públicos —, ressaltando a gravidade das acusações. “Não é preciso esforço intelectual extraordinário para reconhecer que, quando o presidente da República e depois o ministro da Defesa convocam a cúpula militar para apresentar documento de formalização de golpe de Estado, o processo criminoso já está em curso”, declarou Gonet.

O ex-presidente e os demais réus, que incluem ex-ministros e militares de alta patente, são acusados de crimes como organização criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Após o intervalo para o almoço, a sessão foi retomada com as manifestações das defesas. Os primeiros a se pronunciar foram os advogados Jair Alves Pereira e Cezar Bitencourt, que defendem o tenente-coronel Mauro Cid. Eles defenderam a validade do acordo de delação premiada, argumentando que Cid não foi coagido a falar e que não há provas que o conectem à tentativa de golpe. “Ele não participou, não planejou, não mobilizou ninguém”, afirmou Bitencourt.
Em seguida, o advogado Paulo Renato Cintra, que representa o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), também defendeu que as provas colhidas não atestam a participação de seu cliente no plano. O ex-senador Demóstenes Torres, advogado do almirante Almir Garnier, pediu a rescisão da delação de Mauro Cid, declarando que o resultado do julgamento, independentemente de qual seja, “não vai permanecer”.
Por fim, o advogado Eumar Roberto Novacki, que representa Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, apresentou um e-mail de uma companhia aérea para tentar provar que seu cliente, na época secretário de Segurança do Distrito Federal, estava nos Estados Unidos em 8 de janeiro devido a uma viagem planejada. “Infelizmente, a PF e o MP não estavam interessados na verdade”, disse Novacki.
O grupo de réus julgado nesta terça-feira é considerado o “núcleo crucial” da suposta organização criminosa que, segundo a acusação, teria tentado subverter o resultado das eleições de 2022. Todos os acusados negam as imputações. O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Celso Vilardi, informou à BBC News Brasil que ele não compareceu ao primeiro dia de julgamento por “motivo de saúde”.
A próxima sessão está agendada para quarta-feira (3), com início previsto para as 9h, quando a defesa de Jair Bolsonaro deverá apresentar seu pronunciamento.






