Polícia procura dona de escola envolvida em maus-tratos a bebês há 5 dias
26 de março de 2022Roberta Serme teve a prisão decretada pela Justiça na última terça (22). São investigados crimes de periclitação de vida, submissão a vexame e associação criminosa
A Polícia Civil de São Paulo procura a diretora da escolinha particular da Zona Leste que teve a prisão decretada pela Justiça depois que vídeos viralizaram em março, em que mostra crianças amarradas com panos, como se usassem uma “camisa de força”, e chorando dentro de um banheiro da creche .
A diretora Roberta Regina Rossi Serme, de 40 anos, também é uma das donas da Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, na Vila Formosa. A Justiça decretou a prisão temporária dela por 30 dias na última terça-feira (22) a pedido da Polícia Civil e é considerada foragida.
Além de Roberta, a polícia investiga se a irmã dela, Fernanda Carolina Rossi Serme da Silva, de 37 anos, outra proprietária da Colmeia Mágica, e ao menos uma funcionária têm envolvimento no caso.
A Colmeia Mágica foi fundada em 2000 e atende crianças 0 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil. A escola é investigada pela Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8ª Delegacia Seccional por suspeitas de maus-tratos, periclitação de vida, que é colocar a saúde das crianças em risco, submissão delas a vexame ou constrangimento, tortura e associação criminosa.
A polícia recebeu as filmagens por uma pessoa para que fossem apuradas. Não há confirmação de quem gravou os vídeos. A suspeita é de que possa ter sido alguma funcionária da Colmeia Mágica descontente com o que viu.
Professoras ouvidas pela investigação, na condição de testemunha, acusaram Roberta de orientar as educadoras e funcionárias a “embalar” as crianças em lençóis para eles não chorarem. Nos vídeos, elas estão com os braços imobilizados, presas a cadeirinhas de bebês perto de uma privada e embaixo de uma pia.
Pais dos alunos disseram à polícia e a reportagem que os filhos chegavam em casa com machucados após saírem do berçário da escolinha.
Em 2010, uma menina de 3 meses morreu após ter tido uma parada cardíaca na Colmeia Mágica. A morte dela foi confirmada no hospital. O laudo apontou que ela havia engasgado.
Em 2014, a mãe de um menino de 3 anos gravou um vídeo para denunciar Roberta por maus-tratos. O filho da mulher aparece na gravação acusando a diretora de arranhá-lo no rosto.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), 32 pessoas já foram ouvidas no inquérito. Entre elas 12 pais de alunos e sete funcionários da escolinha, incluindo professoras, empregadas e a própria diretora. Mais 20 pessoas seriam ouvidas nesta semana.