CPI se encerra e entrega hoje relatório a Aras
27 de outubro de 2021Foram seis meses de trabalho e mais um dia de intensas negociações, mas a CPI da Pandemia aprovou ontem, pelos previsíveis 7 votos a 4, o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) pedindo o indiciamento de Jair Bolsonaro por nove crimes e de outras 77 pessoas e duas empresas. A lista inclui três filhos do presidente, ministros, ex-ministros, deputados, funcionários públicos, empresários e o governador do Amazonas, Wilson Lima (confira a relação completa). Ao descrever o comportamento de Bolsonaro durante a pandemia, Renan usou termos como “mentiroso”, “caviloso” e “desonesto”, além de classificar o presidente como um “serial killer” (assassino em série).
“Este relator está sobejamente convencido de que há um homicida homiziado no Palácio do Planalto”, afirmou. Restou aos governistas, minoritários na comissão, protestar e discursar em defesa do presidente. Ao final da sessão, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), atendeu a um pedido da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e convocou um minuto de silêncio pelas mais de 606 mil vítimas da pandemia no país.
Veja como votou cada senador.
Apesar de terem votado em bloco pela aprovação do relatório, os senadores do chamado G7 não começaram o dia exatamente satisfeitos, como conta Igor Gadelha. Omar Aziz reclamou que Renan os “jogou aos leões” ao propor indiciamentos polêmicos, fazendo com que os demais integrantes do grupo assumissem o papel de “aliviadores” diante da opinião pública.
Um dos momentos mais turbulentos do dia aconteceu quando, a pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Renan incluiu na lista de indiciados o colega de CPI Luis Carlos Heinze (PP-RS), que apresentou um voto em separado defendendo tratamentos ineficazes contra a covid-19. A decisão pegou mal e foi criticada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), fazendo com que Vieira voltasse atrás. Enquanto isso, Heinze jogava paciência no celular.
E agora? Os parlamentares pretendem levar na manhã de hoje o relatório aprovado ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Ontem, ele disse que vai encaminhar o material para “análise prévia” de órgão da PGR antes de decidir sobre processos. Senadores avaliam apresentar ao STF notícias crime contra Bolsonaro caso Aras não se manifeste.
E para dar ao dia um tom surrealista, o ex-presidente americano Donald Trump enviou ontem uma mensagem de apoio a Bolsonaro. “Ele é um grande presidente e nunca vai decepcionar as pessoas do seu país!”, escreveu Trump num e-mail, já que está banido de todas as redes sociais.
* A informação é do CanalMeio.