Vaticano manda fechar colégios dos Arautos do Evangelho após ano letivo
4 de setembro de 2021Interventor nomeado pelo papa Francisco deverá assegurar que as crianças voltem para o convívio familiar dentro do prazo estipulado
Um documento emitido pelo Vaticano em 22 de junho determina que os colégios do grupo Arautos do Evangelho sejam fechados após a conclusão deste ano letivo.
A carta é assinada pelo cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, e foi enviada ao cardeal Raymundo Damasceno Assis, nomeado pelo papa Francisco como interventor para os Arautos do Evangelho.
O Vaticano determina que todos os menores de idade internados nos colégios sejam enviados de volta para o convívio de suas famílias após a conclusão do ano letivo. Caberá ao cardeal Assis realizar os procedimentos para que a decisão seja cumprida no prazo estabelecido.
Uma reportagem especial publicada pelo Metrópoles em 2019 denunciou uma série de abusos físicos e psicológicos cometidos contra crianças e jovens nos colégios. O Ministério Público também investiga o caso.
Entre as razões para o fechamento dos colégios, o Vaticano diz ter considerado “o tipo de disciplina excessivamente rígida praticada nas comunidades dos Arautos do Evangelho” e “as numerosas comunicações” enviadas pelos pais de crianças e jovens, alegando que as famílias “são, na maioria das vezes, excluídas das vidas dos seus filhos e que os contatos com os pais não são suficientemente garantidos”.
O Vaticano também declara que a medida visa a “permitir aos mais jovens o indispensável relacionamento com as famílias e com o objetivo de prevenir qualquer situação que possa favorecer possíveis abusos de consciência e plágio contra menores”.
A comunidade dos Arautos do Evangelho tem pouco mais de 3.000 pessoas no Brasil. O grupo nasceu com base em dogmas católicos e está submetido a uma rotina de princípios ultraconservadores.