Trombofilia pode impactar fertilidade e gestação: entenda o que é e quando investiga
13 de agosto de 2025Doença silenciosa como de Mariana Rios aumenta risco de aborto espontâneo e parto prematuro; especialista explica quando exames são indicados e como é feito o tratamento
A Trombofilia é uma condição genética ou adquirida que aumenta a tendência de formação de coágulos no sangue (trombos). A atriz Mariana Rios revelou detalhes nas redes sobre sua luta com a doença durante a gravidez e comoveu a web. Embora muitas pessoas vivam anos sem saber que têm essa predisposição, ela pode gerar riscos importantes durante a gestação, especialmente se não for identificada precocemente. Estima-se que cerca de 15% das mulheres em idade fértil tenham algum tipo de trombofilia hereditária, segundo a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO).
“A gravidez já é, por natureza, uma fase com maior propensão à coagulação. Isso é um mecanismo de defesa do corpo para evitar hemorragias no parto. Mas, para quem tem trombofilia, esse aumento da coagulação pode se tornar perigoso, principalmente na placenta”, explica o Dr. Vamberto Maia Filho, ginecologista especializado em reprodução humana.
A formação de coágulos na placenta pode comprometer a oxigenação e a chegada de nutrientes ao feto, resultando em abortos espontâneos, especialmente no primeiro trimestre. Outros desfechos relacionados incluem restrição de crescimento fetal, pré-eclâmpsia e parto prematuro.
Nem toda mulher precisa investigar trombofilia
Embora a condição possa gerar preocupação, o especialista ressalta que os exames para trombofilia não devem ser feitos de forma indiscriminada. “A investigação é recomendada para mulheres que têm histórico familiar de trombose, sofreram abortos repetidos ou já tiveram complicações em gestações anteriores, como trombose gestacional ou falhas repetidas em tratamentos de fertilização in vitro (FIV)”, explica.
Entre os exames utilizados estão os que identificam a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (SAAF) — como os anticorpos anticardiolipina, anticoagulante lúpico — e também as mutações genéticas do fator V de Leiden e da protrombina (fator II), que são permanentes e não mudam ao longo da vida. “É como a tipagem sanguínea. Se você tem mutação, terá para sempre”, afirma.
Diagnóstico e tratamento: o que muda na gravidez
O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue, e o tratamento varia conforme o perfil de risco. Em casos leves, recomenda-se atenção redobrada em situações que favorecem a formação de coágulos, como cirurgias, longas viagens e imobilidade. Já durante a gestação, a conduta é mais específica.
“Nessas pacientes, usamos anticoagulantes derivados da heparina, como a enoxaparina ou a deltaparina, que são seguros na gravidez. Além disso, é importante o uso de meias elásticas, boa hidratação e acompanhamento médico constante. Também podemos associar cálcio para minimizar riscos de sangramentos”, orienta o médico.
Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível minimizar os riscos e garantir uma gestação mais segura. “A trombofilia é um tema complexo, mas conhecer seus impactos e saber quando investigar é essencial, principalmente para quem está tentando engravidar ou passou por perdas gestacionais sem causa aparente”, finaliza o especialista.
