Rio

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30 de outubro de 2025 0 Por Redação Em Notícia
“Aquele abraço” é uma composição de Gilberto Gil, lançada em 1969 e menciona pessoas, bairros, clubes, escolas de samba e a vida cotidiana da “cidade maravilhosa”. A letra de Gil afirma que “o Rio de Janeiro continua lindo”. De fato, se atentarmos para as belezas naturais da cidade, não há como discordar do autor. O Rio, com suas belas praias, florestas, baía e morros, continua lindo. Porém, esta semana, que está chegando ao fim, deveríamos acrescentar que a cidade está triste.
A semana carioca começou com a incursão das forças de segurança do Estado no complexo do Alemão e Penha. Todos sabemos que o crime organizado e suas milícias atuam há um bom tempo na cidade, mais especificamente, nos complexos das “favelas cariocas”. Sabemos também que o Estado perdeu o controle nessas regiões e tenta, continuamente, recuperar o controle. A incursão, além de tentar perder os líderes de facções, tinha também o objetivo de recuperar o controle de áreas que, há muito, o Estado não controla mais. Esse confronto necessário, não é bom para ninguém. Principalmente para a população trabalhadora, estudantes, gente simples que quer só viver os seus dias em paz. Cessado o tiroteio entre as forças de segurança com as facções, veio o resultado, 121 mortos. Não há o que comemorar. Destes 121, sabemos que 4 eram policiais que tombaram em combate, infelizmente. Os demais ainda não sabemos. Mas, mesmo se forem bandidos, não há o que comemorar. Há sim, que lamentar. Principalmente o alto número de mortes. O índice de letalidade nesses confrontos em ambientes urbanos é sempre alto, e, às vezes, atingindo gente inocente.
O Rio de Janeiro não continua lindo. O Rio de Janeiro precisa de atenção, de políticas públicas de assistência, de saúde, de segurança que cheguem ao alcance daqueles que mais precisam. As Unidades de Polícia Pacificadora nas comunidades trouxeram alento e esperança aos moradores. Mas, o próprio Estado não fez prosperar com essas Unidades.
Lamentamos profundamente as mortes acontecidas. Todas elas, sem exceção. Minha oração é para que as famílias cariocas vivam em paz, com a vida pulsando em cada bairro, em cada comunidade, em cada espaço urbano. Que possamos ainda cantar “Aquele abraço”, e, com muita alegria, expulsar a tristeza e reafirmar que o Rio de Janeiro continuará lindo. Oro também por iluminação às forças de segurança, para que esse nível de letalidade nunca mais se repita. Nossas cidades precisam respirar vida e nunca a morte. Morte, só se for a natural.
É isso!
Reverendo Ailton Gonçalves Dias Filho, Pastor Presbiteriano e Professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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