Prefeitura de Americana e DAE mostram-se ineficientes e totalmente perdidos

Nesta quinta-feira (02), a Secretaria de Comunicação de Americana emitiu uma nota do DAE (Departamento de Água e Esgoto) informando que os reservatórios do município contabilizavam apenas 41% do volume d’água que deveriam ter, insistindo que a cidade possui um problema de escassez e apontando que algumas localidades da cidade seriam mais afetadas neste dia, sendo elas as regiões dos bairros São Vito, São Luiz, Jardim Boer, Jardim Brasil (parte alta) e Praia Azul. Exceto pelo bairro São Vito, os demais enfrentam este problema historicamente!  Apesar de que a administração municipal teime em afirmar que isto seja um problema novo, ocasionado pela atual estiagem.

No jornalismo existe um termo para isto, chama-se “versão”, o que é diferente de ser comprovadamente um fato!  Assim sendo, a “versão oficial da administração” é que sem chuva, não há volume suficiente para captação d’água.  Não havendo volume suficiente, a poluição se concentra, o tratamento fica mais lento e a própria autarquia causa o desabastecimento porque não sabe o que fazer para solucionar este problema.  Daí, partem para o desespero: decretar estado de emergência, pois assim dispensa-se as obrigações exigidas em lei, como é o caso de processos licitatórios para a realização de compras.

Mas, o que a administração municipal não diz?

• Que há muito tempo a Prefeitura de Americana não realizou estudos e muito menos ações para preparar a cidade para enfrentar o momento que vive;
• Que o município tem um gigantesco reservatório d’água chamado Represa do Salto Grande e nunca tomou uma medida para a proteção daquele manancial, não se preocupou com despoluição, reflorestamento de mata-ciliar, enfim, nada fez;
• Que além do Rio Piracicaba, existe a possibilidade do Rio Atibaia (mas não houve planejamento);
• Que no município existe o Ribeirão Quilombo, que é um rio morto e que a Prefeitura NUNCA SE PREOCUPOU em buscar meios para despoluir;
• Que não investiu em estações de pré-tratamento, para agilizarem o processo de tratamento realizado pela ETA do Cordenonsi;
• Que a rede de distribuição d’água de Americana parece uma peneira, de tantos vazamentos que possui;
• Que a gestão faz muito pouco para sanar os problemas (e provavelmente não se importa com ele, apenas com a próxima eleição);
• Além de outras questões…

Que a estiagem é um problema, isto é um fato, temos de reconhecer!  Mas, dizer que a estiagem é a única responsável pelo problema, isto é uma versão!  É apenas um lado da moeda, onde tenta-se fazer passar despercebido o descaso com a política ambiental e também de saneamento básico.

Os governos de São Paulo e Federal têm recursos e planos voltados para a preparação dos municípios no enfrentamento das mudanças climáticas.  Mas, Americana não se moveu neste sentido.

Americana fez praças, gastou com shows, ou seja, a velha política do circo para iludir a população e passar uma aparência de que há muito trabalho sendo realizado.  Agora que o problema bate à porta, dizem que não têm nada a ver com isto!  E sabe para quem foi transferida a responsabilidade para resolver a questão?  Para o morador e empresário local. “A autarquia pede a colaboração da população para que adote práticas de economia e conservação da água, utilizando o recurso de maneira consciente até que a situação se normalize com a retomada das chuvas”, diz o comunicado emitido pela Secretaria de Comunicação desta quinta-feira.  Exatamente, a culpa é sua, morador e empresário americanense!  Porque você usa água demais!  Você toma banho, lava a roupa, cozinha, lava a louça, limpa a casa, dá descarga no vazo depois de usá-lo…  É culpa sua haver escassez!

Os moradores das regiões do pós-Anhanguera e pós-SP304, além das regiões periféricas como Mário Covas, Pq. Gramado e São Roque, há muitos anos reclamam de falta d’água constante!!!  Isso não começou hoje, não!  É falta de capacidade de governar uma cidade, de nomear secretários competentes, de planejarem a cidade para os próximos 30, 50 anos!

Cidades com muito menos recursos financeiros e hídricos de nossa região, estão infinitamente melhores!  Vejam o exemplo de Nova Odessa, governada pelo Veterinário Cláudio José Schooder (Leitinho) e também a cidade de Santa Bárbara d’Oeste, governada pelo Biólogo, Mestre e Doutor Rafael Piovezan, que cursa Pós-doutorado na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Além disso, foi Secretário Municipal de Meio Ambiente e diretor do DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Santa Bárbara d’Oeste, antes de ser vice-prefeito e agora prefeito.  Sabe o que os dois têm em comum?  CAPACIDADE TÉCNICA.  Também devem ter a visão do “estadista”, aquele que olha para sua cidade para deixar um legado perene, e não com um interesse que vai apenas de eleição em eleição.

O que muito me admira, é que o agora recém-filiado ao PL e prefeito de Americana, Chico Sardelli, antes de voltar para a sigla, passou pelo menos duas décadas como filiado e deputado estadual e federal pelo PV (Partido Verde), um partido que tem uma agenda de políticas para o meio ambiente (em tese) muito sérias!  Foi presidente de uma frente parlamentar pelo meio ambiente, inclusive.  Mas, sua gestão à frente de Americana, tudo o que não se vê é uma política de meio ambiente!

Americana não tem plano para enfrentamento das mudanças climáticas, não tem planejamento para enfrentamento da escassez hídrica, não tem projetos para nenhuma destas áreas que são intimamente interligadas (e nem busca recursos para isto!).

O problema de Americana é sim de escassez, mas ESCASSEZ DE GESTÃO E DE BONS POLÍTICOS! É NECESSÁRIA A INSTALAÇÃO DE UMA COMISSÃO ESPECIAL DE INQUÉRITO PARA SE INVESTIGAR O DESCASO DA ADMINISTRAÇÃO COM A QUESTÃO HÍDRICA, URGENTEMENTE!

Por Danilo Bueno, jornalista.

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