Sequência de dias muito frios
A massa de ar polar projetada pelos modelos é tão intensidade que serão muitos dias consecutivos com temperatura média diária (calculada pelas mínimas e máximas) excepcionalmente baixas. O período de quarta-feira (28) até o sábado (31) da próxima semana deve ser o mais gelado com máximas bastante baixas no período da tarde.
Conforme informou a MetSul Meteorologia, a presença de nuvens em alguns dias pode fazer com que algumas cidades de maior altitude tenham temperatura abaixo de zero o dia todo com máximas em terreno negativo. As mínimas pode ser igualmente atipicamente baixas com registros incomuns de até -10ºC ou até mais frio em áreas de maior altitude do Sul do Brasil.
O modelo canadense é um que, por exemplo, está indicando mínima de -10ºC a -12ºC para o final da próxima semana nos pontos mais altos do Sul do Brasil, mas valores tão baixos quanto -3ºC ou -4ºC que indica para áreas de menor altitude como, por exemplo, próximos a Porto Alegre são improváveis.
Dias com temperatura em 850 hPa de -5ºC a -6ºC, por experiência, costumam ter vento moderado e com rajadas em alguns momentos. Assim, a sensação térmica neste evento de frio será muito relevante. Com vento e temperatura excepcionalmente baixa como se prevê, grande número de cidades do Centro-Sul do Brasil pode experimentar marcas baixíssimas de sensação térmica.
Nas áreas de maior altitude do Rio Grande do Sul e do Sul do Brasil valores de sensação térmica (utilizando-se a fórmula mais moderna do National Weather Service dos Estados Unidos) podem atingir marcas neste evento polar tão baixas quanto -20ºC a -10ºC .
No alto do Morro da Igreja, na Serra catarinense, a 1.800 metros de altitude, a sensação térmica pode ficar entre
-25ºC e -20ºC. São valores perigosos que podem causar até congelamento da pele e do tecido inferior (frostbite) de partes expostas do corpo como dedos.
Urge-se às autoridades locais que reforcem com urgência as medidas de assistência à população socialmente vulnerável, especialmente diante do crescimento da população sem teto vivendo em situação de rua, uma vez que o frio terá intensidade para causar hipotermia e morte em pessoas desabrigadas.
Neve
Segundo a MetSul, a probabilidade de nevar nas áreas de maior altitude do Sul do Brasil com base nos dados desta sexta-feira (23) é muito alta. A cinco dias do começo do evento de frio, projeções de neve estão, contudo, sujeitas a enormes mudanças e o que se esboça nesta sexta-feira (23) está longe de ser definitivo.
Atualmente o cenário que se apresenta, a partir da modelagem numérica e análise de eventos passados com características semelhantes, sinaliza a chance de precipitação invernal mais alta nos pontos mais elevados do Sul do Brasil (cotas de altitude acima de 800 metros), chance média a alta em locais de média altitude (400 metros a 700 metros) e pequena a média em pontos de menor altitude (nível do mar a 400 metros) de diversas regiões gaúchas e do Sul do Brasil.
Não é possível afirmar com clareza se haverá acumulação, pois não tem fundamento diante de um cenário ainda muito aberto e sujeito a mudanças grandes nos próximos dias.
Os mapas a seguir mostram a tendência de neve neste evento de frio polar pelos modelos norte-americano GFS (o que indica a neve mais abrangente), canadense (concentra a neve mais em Santa Catarina e no Paraná) e o alemão Icon (o que menos neve indica para o evento).
O que chama atenção é o indicativo de alguns destes modelos sobre a possibilidade de vir a ocorrer neve por três ou quatro dias seguidos no Sul do Brasil. Seria mais um acontecimento raro porque recentemente na onda de frio de junho tivemos o primeiro evento de neve por três dias seguidos no Sul do país desde a grande onda de frio de julho de 2000. Um novo episódio de três seguidos, um mês após o último que foi o primeiro em duas décadas, seria um fato excepcional do ponto de vista climatológico.
Metsul Meteorologia.