O excesso de superficialidade rouba o encanto da vida!

O excesso de superficialidade rouba o encanto da vida!

20 de setembro de 2021 0 Por

“As tartarugas conhecem as estradas melhor do que os coelhos.”
Kahlil Gibran

Que nome se dá a ação pessoal gentil e gratuita, dotada de sensibilidade e reciprocidade, resistente à sociedade agressiva que vivemos agora?

Há alguns anos, quando trabalhei no mundo corporativo, tive a oportunidade de vivenciar os dois lados da moeda. Uma cultura positiva, onde todos se apoiavam e outra um tanto tóxica, onde se distribuía gratuitamente uma depreciação constante entre a maioria das pessoas. E não é mais ou menos isso que estamos encontrando nos locais que frequentamos atualmente, seja ao vivo e a cores ou por trás da tela do computador ou do celular?

Seja nas grandes cidades ou até nas menores onde havia ainda um olhar mais atento e receptivo entre as pessoas que se reconheciam, poucos são os que se dispõem a agir com sutileza e delicadeza, mas se apoiam na facilidade, rapidez e também rispidez das redes sociais e aplicativos de conversas.

E-mail? Telefonema? Pessoalmente? Nem pensar. Tudo se resolve à distância, sem os olhos nos olhos, com sorte uma breve mensagem de áudio, curta, grossa e pontual: ‘quero isso, faça isso ou aquilo, tchau’. Estamos no tornando uma cultura robótica, pré-programada nos comportamentos e respostas, cada vez  mais facilmente comandados pelo “lado de fora” e mais infelizes dentro de nós mesmos, patologicamente  vazios e adoecidos, mas obedientes aos comandos ditados e editados.

Estamos sendo bombardeados, dia após dia, e às vezes bem mais de uma vez por dia  com ações e reações agressivas, de pouca ou nenhuma amorosidade e quase nenhuma atenção e menos ainda a  reciprocidade devida a quem nos trata bem e com consideração.A eficiência da comunicação tecnológica nos levou a deficiência do ler e  do ouvir, sentir e pensar  Não queremos perder tempo, são tantas informações  trocadas  nos whats e distrações como FaceBook e Instagram, que optamos pela pressa do não perceber o outro e nem o que ele diz e como diz. Perde-se a atenção como quem olha para uma mosca.

Assim como a ação a reação surgem rápidas demais, também vem o julgamento, Não fazemos constatações, mas um julgar automático, veloz e depreciativo.

Aonde vamos parar?

Chegamos num ponto, onde infelizmente, nos pegamos surpresos diante de uma ação gentil e descobrimos como um gesto de reciprocidade nos faz alegremente mais humanos. Um e-mail mais demorado e bem escrito pode ser razão de espanto ou pura emoção. Um telefonema que nos surpreende ou uma visita inesperada. Quem se importa? Quem quer um encontro? A presença, olhos nos olhos ou o sentar-se à mesa? E indo além, quem se presta ao trabalho de ouvir? Sem responder, julgar ou reclamar?

Parece estar havendo uma bifurcação na escolha das pessoas – as que escolhem o caminho por onde ir e as que simplesmente se deixam levar sem  saber para onde ou para lugar nenhum, apenas se repetindo diuturnamente.  Felizmente ainda existem os que resistem e insistem em ser si mesmos  que  buscam e oferecem qualidade de atenção na convivência e coexistência,  com constrangedora naturalidade e abnegação, típico dos que estão um andar acima (ou vários) na escada evolutiva da tomada de consciência e empenhados na construção de um mundo mais pacífico e  equilibrado.

Lembrando que me pego subindo, à duras penas, numa eterna reforma íntima, que me faz brigar comigo mesma, para não quebrar o celular na parede, mediante o estresse do excesso de informação e o abuso de uma multidão ávida por contato e sem noção.

Ter acesso ao outro deveria vir com manual de etiqueta: “não abordarás o próximo, se não for por algo que agregue, construa ou seja digno de fazê-lo investir seu tempo”. Ninguém precisa mais de fotos, vídeo, música, áudio ou e-mail, somos bombardeados por isso o tempo todo.

Seja seletivo naquilo que escolhe para si e que propaga aos demais. Imagino que logo, muitos de nós, estaremos sofrendo uma espécie de Burn out por conta desses excessos, aparentemente inofensivos, mas que dominam o nosso tempo e roubam a nossa sutileza de dar atenção ao que realmente importa.

Seja consciente e coerente com você mesmo: filtre para si, em primeiro lugar, e propague aquilo que é relevante. No mais, se esforce em ouvir o outro, ao invés de desperdiçar a vida num infinito de coisas desnecessárias.

O essencial está se perdendo a olhos vistos: a sensibilidade do ser, a sutileza das ações e a generosidade de ouvir. Seja resistente na arte de não se perder de si mesmo e do que realmente importa, aquilo que é vivo e tem emoção e gera  troca e transformação!

O excesso de superficialidade rouba o encanto da vida!

Antes que nos tornemos mendigos do que nos é essencial , o livrar-se do excesso de alienação! Permanecendo na raridade do ser, da sensibilidade e bom senso!

Sinta o que tem que sentir, abstraia a maioria e mantenha-se leve!

Persista nisso, assim como o pão de cada dia!

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