Não perca um emprego por causa do seu ego inflado

Não perca um emprego por causa do seu ego inflado

22 de junho de 2021 0 Por Redação Em Notícia

*David Braga 

Nada é tão perfeito que não possa ser melhorado. O sucesso do passado pode gerar fracasso no futuro, se a pessoa acreditar que ele será para sempre. Em meio a essa pandemia do novo coronavírus, estamos tendo ainda mais provas disso. Afinal de contas, nenhum país, cientista ou estudioso jamais imaginaram que o mundo pararia e que os impactos seriam desastrosos no meio corporativo. Sendo assim, qualquer profissional precisa se policiar quanto ao ego, pois é algo que pode impedir uma visão mais estratégica e, consequentemente, arruinar sua carreira.

O renomado escritor austríaco Peter Drucker disse, em um certo momento, que o planejamento não se refere a lidar com decisões do futuro, mas com o futuro das decisões tomadas no presente. Quer dizer que uma série de definições e ações equivocadas das lideranças, hoje, podem levar uma empresa, por maior e mais consolidada que seja, à falência. Além disso, a miopia estratégica e a demora ou recusa em implementar mudanças também são responsáveis por muitos problemas nas companhias. Talvez, por isso, poder de decisão e maturidade sejam competências e habilidades (as conhecidas soft skills) cada vez mais necessárias no ambiente organizacional.

Nesse contexto, é importante entender que, quando o ego faz a pessoa ter autoconfiança e valorizar o seu potencial, ele pode ser positivo. No entanto, se ofusca a visão de um profissional, que se sente o melhor dos melhores, provavelmente acabará com sua capacidade de trabalhar em equipe e ter uma escuta ativa, aspectos essenciais nos dias atuais. Usualmente, quem tem ego inflado se acha o dono da verdade e, consequentemente, torna-se prepotente e arrogante. Vários indivíduos com “síndrome do sucesso” destroem as próprias carreiras, simplesmente por não se preocuparem com a imagem que está sendo gerada.

Por isso, humildade é sempre importante em todos os momentos, uma vez que a maneira como o colaborador é percebido por líderes, pares e liderados afeta diretamente sua reputação, sua credibilidade e sua empregabilidade. Sem falar que é extremamente desgastante trabalhar com pessoas com “ego forte”, ou seja, vaidosas, egoístas, que necessitam expor excessivamente as vitórias, os bons resultados e os esforços individuais, tendo como combustível apenas a admiração e o reconhecimento. Em busca de gestões cada vez mais humanizadas, as empresas estão atentas a esse tipo de comportamento e tendem a expurgar esses profissionais tóxicos.

Além disso, se engana quem pensa que administrar o ego valha apenas para quem está trabalhando dentro das organizações. Aqueles que buscam um novo emprego também devem ter atenção a esse ponto. Quando headhunters estão à procura de talentos, por exemplo, é muito comum encontrar candidatos com ego inflado, acreditando estarem posicionados com um bom salário e subestimarem a abordagem, sem sequer saberem que o pacote ofertado pela outra empresa é literalmente o dobro do que ganham hoje. Assim, é fundamental lembrar que o “jogo corporativo” não é mais o mesmo: estruturas pequenas podem pagar remunerações até maiores do que as multinacionais. Evidentemente, nem tudo se trata de dinheiro e envolve, ainda, o propósito da posição.

Todavia, ser capaz de ouvir, de se posicionar e de gerar uma imagem de credibilidade frente aos recrutadores é essencial para o profissional que quer alcançar destaque na carreira. O que não quer dizer, claro, que, em toda ligação de um headhunter, a pessoa irá mudar de emprego. Porém, quando menos esperar e mantendo as portas abertas, aquela oportunidade dos sonhos pode chegar. Então, é importante não deixar que o ego seja o motivo para impedir isso. E, ao decidir participar de um processo seletivo, ser solícito, empático e disponível, para deixar uma boa marca.

Nesse aspecto, o autoconhecimento é vital, pois quanto mais a pessoa entende as próprias emoções, mais consciente se torna em relação ao que impulsiona suas atitudes ou a coloca na defensiva. Desse modo, é possível ficar menos refém das “armadilhas” do ego. Profissionais de sucesso já sabem que impor sua personalidade, em exagero, pode ser nocivo em diversos aspectos. Na tentativa de conseguir aprovação e reconhecimento ou solucionar carências e inseguranças, eles podem tomar atitudes equivocadas.

Portanto, em tempos de discussão sobre legado, é sempre necessário refletir sobre o que deixaremos quando não mais estivermos na posição ou na empresa em questão. Assim, é preciso ter “jogo de cintura” para lidar com o próprio ego, pois, em excesso, provoca péssimos resultados, e não há mais espaço para apostar em confiança exacerbada ou falsa modéstia como estratégias de marca pessoal. Seja o profissional vinculado a uma empresa, seja autônomo, prestador de serviços ou concursado, garantir uma imagem pessoal positiva é o que abre caminhos. Ao contrário, colocar o ego em ação poderá ser a ruína da carreira, pois de nada vale ter MBA em Harvard, se o indivíduo é arrogante. Como diz a famosa frase: “O pavão de hoje pode ser o espanador de amanhã”.

* David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent. É também professor convidado da Fundação Dom Cabral (FDC) e autor do livro “Contratado ou Demitido – só depende de você”. Ele atua, ainda, como embaixador da ONG ChildFund e é conselheiro de RH da ACMinas.

Sobre a Prime Talent

A Prime Talent é uma empresa de busca e seleção de executivos de média e alta gestão, que atua em todos os setores da economia na América Latina, com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte. Seu CEO, David Braga, já avaliou, ao longo de sua carreira, mais de 10 mil executivos, selecionando para clientes Latam. Ele tem formação de Conselheiro de Administração pela Fundação Dom Cabral (FDC), possui certificação de Executive Coach pela International Association of Coaching e é practitioner em Micro Expressões e Programação Neurolinguística. Além disso, tem vivência internacional em Trinidad and Tobago, Londres, África e Estados Unidos.

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