Mudanças climáticas: indústria cerâmica impacta 69% a menos que a do concreto

Mudanças climáticas: indústria cerâmica impacta 69% a menos que a do concreto

27 de setembro de 2023 0 Por Redação Em Notícia

Utilização de fontes renováveis durante a produção permite que a indústria cerâmica gere e negocie créditos de carbono. Os dados são da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer)

Um metro quadrado de telha cerâmica emite 69% a menos de gases de efeito estufa (GEE) se comparado ao equivalente em concreto. O dado é de um estudo da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer). Apesar da produção de telhas cerâmicas demandar três vezes mais energia, a indústria do setor tem investido em fontes capazes de reduzir em 57% o consumo dos recursos não renováveis do planeta.

O diretor do Conselho Consultivo e Deliberativo da Anicer, Luis Lima, explica como a indústria cerâmica se tornou mais sustentável.

“A indústria cerâmica tem um impacto bem menor em relação aos concorrentes de concreto por vários motivos. Um deles é por ser um produto totalmente natural. A composição é argila com água; ar para secagem e depois o fogo para queima. Um outro aspecto é que a indústria cerâmica aproveita os resíduos de outras indústrias como combustível de queima, principalmente os resíduos da indústria moveleira e também do agronegócio: sementes, bagaços, sabugos de milho, vários tipos de resíduos são utilizados na queima.”

Atualmente, a indústria cerâmica está muito bem localizada e distribuída pelo território nacional, com pelo menos uma fábrica de cerâmica para cada raio de 250 km em todas as regiões do país, o que diminui os impactos do transporte dessa carga. Outra vantagem é o peso do material cerâmico em comparação com o concreto.

“O nosso produto é bem mais leve do que o produto de cimento. Isso corresponde a um transporte de distâncias menores, porque nós também estamos melhor distribuídos territorialmente, e — com ele sendo mais leve — a gente acaba transportando mais metro quadrado por tonelada transportada.”

Ele destaca que o mesmo litro de óleo diesel e os pneus dos caminhões podem transportar de 30% a 40% a mais de produtos cerâmicos que concreto, por serem mais leves e possuírem a mesma resistência mecânica. Esses fatores contribuem para uma redução significativa das emissões de GEE no processo logístico.

Além disso, os blocos de cerâmica usados na construção civil possuem características de isolamento térmico, o que diminui os gastos com energia elétrica para refrigeração interna da edificação.

Créditos de carbono

A utilização dos resíduos da indústria moveleira e do agronegócio como combustível para a queima das cerâmicas permite que as empresas do setor gerem e negociem créditos de carbono no mercado internacional. Os recursos obtidos nessas negociações são reaplicados em pesquisa e desenvolvimento dentro da própria indústria cerâmica.

“Geralmente todos esses créditos foram reinvestidos dentro da própria empresa, buscando novas tecnologias, principalmente na área de recursos para queima e para geração de energia. Então, esse investimento acaba sempre sendo muito produtivo e transformando a empresa cada vez mais para ser mais sustentável”, explica Luis Lima.

O estudo completo sobre a Avaliação do Ciclo de Vida de materiais cerâmicos está disponível no site da Anicer.

Apoio da indústria à descarbonização da economia

A eficiência energética da indústria cerâmica, com baixa emissão de carbono, se enquadra em um dos principais pilares do Plano de Retomada da Indústria elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Orientado por 4 missões, uma das quais Descarbonização, o objetivo do plano é equalizar as condições de competição entre o Brasil e os demais países do mercado internacional, que já investem na redução de emissões de carbono de suas economias.

Segundo a proposta, as principais economias mundiais empregam cerca de US$ 12 trilhões em políticas que buscam garantir o desenvolvimento produtivo voltado à inovação, à sustentabillidade e à competitividdade internacional.

A CNI acredita que o Brasil deve mobilizar as suas forças – que incluem os valores democráticos, a capacidade de produzir alimentos, a estrutura industrial diversificada, a produção de biocombustíveis, a bioeconomia, os recursos naturais e a matriz energética limpa, entre outras – para colaborar com a construção de um mundo sustentável. Também deve atuar para reforçar seu ecossistema de ciência, tecnologia e inovação, contribuindo para galgar posições de alto valor agregado nas cadeias globais de valor.

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