Ministro da Educação vai à cadeia nacional de rádio e tv defender a volta às aulas em meio a Pandemia de COVID-19

Ministro da Educação vai à cadeia nacional de rádio e tv defender a volta às aulas em meio a Pandemia de COVID-19

21 de julho de 2021 0 Por Redação Em Notícia
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi à rede nacional de rádio e TV na noite desta terça-feira (20/7) para defender o retorno às aulas presenciais em meio à pandemia de coronavírus. Embora tenha reconhecido que o governo federal não tem o poder de decidir pela abertura ou fechamento das escolas, e sim os Estados e municípios, o ministro “conclamou” estudantes e profissionais de educação ao retorno, do nível básico ao superior de ensino.
“O Brasil não pode continuar com as escolas fechadas, gerando impactos negativos nesta e nas futuras gerações. Não devemos privar nossos filhos do aprendizado necessário para a formação acadêmica e profissional deles”, afirmou Ribeiro, pastor presbiteriano e ex-vice-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
O ministro defendeu que há estudos internacionais mostrando as “consequências devastadoras” do fechamento de escolas no aprendizado, formação e estado emocional dos alunos, e que uma eventual volta não aconteceria “a qualquer preço”.
“Fornecemos protocolos de biossegurança sanitários a todas as escolas”, garantiu o ministro, citando o apoio do governo federal a Estados e municípios na volta às aulas.
“Vários países retornaram às aulas presenciais ainda em 2020, quando sequer havia previsão de vacinação. O uso de álcool gel, a utilização de máscaras e o distanciamento social são medidas que o mundo está utilizando com sucesso. Portugal, Chile, França, Espanha, Áustria, Rússia, e tantos outros países já estão com seus alunos em sala de aula há muito tempo.”
Ribeiro concluiu o pronunciamento, de cerca de cinco minutos, afirmando que pediu ao ministro da Saúde a priorização da imunização de profissionais do ensino básico, mas ressalvou que “a vacinação de toda a comunidade escolar não pode ser condição para a reabertura das escolas”.

Mas o que Ribeiro não disse?

Embora tenha reconhecido que o Governo Federal não tem autonomia para decidir ISOLADAMENTE pela volta às aulas presenciais, pois, reconheceu o STF que a questão da saúde coletiva é uma matéria para ser decidia entre os 3 níveis de governo (municipal, estadual e federal), devendo os Estados e Municípios ter maior autonomia por estarem próximos e observarem realidade no caso concreto, o Ministério da Educação nada fez em 1 ano e 4 meses de pandemia para viabilizar estratégias de ensino à distância, para minimizar os danos desse período de aprendizagem remota.
Apenas em junho deste ano, portanto após 1 ano e 3 meses, é que os alunos começaram a receber tablets para possibilitarem o acesso às aulas remotas e ainda há muitos que sequer tiveram acesso à tecnologia.  Como se não bastasse, muitos alunos da rede pública sequer têm acesso à conexão de internet, e o Governo Federal vetou projeto de lei aprovado no Congresso que entregava internet grátis às famílias de baixa renda para que seus filhos pudessem estudar nesse período.
O Ministério da Educação igualmente não se preocupou em preparar os professores para esse novo formato de aula, não instruiu, não deu apoio, apenas mandou de modo açodado um volume alto de conteúdo para ser passado aos alunos, sem a mínima orientação e direção pedagógica.
É verdade que alguns países como a França, Espanha, Áustria, dentre outros, voltaram às aulas presenciais ainda durante o ano passado.  O que não foi dito é que nenhum desses países têm um governo negacionista que expôs a população ao risco de morte por defender “imunização de rebanho” e “tratamento precoce/preventivo” por meio de remédios ineficazes e que pode ter contribuído largamente para que o País alcançasse o número absurdo de mais de 500 mil mortes.
Embora as crianças, em sua larga maioria, não desenvolvam um quadro infeccioso grave da doença, elas são portadoras e transmissoras do vírus em suas famílias e comunidade, podendo levar para dentro de casa a doença e expor ao risco de morte idosos e pessoas com comorbidade.  Ainda não estamos em um momento de segurança epidemiológica, muito se diz sobre a “terceira onda”, quando na verdade ainda não saímos da primeira!  Ou seja, sequer conseguimos controlar a primeira e segunda ondas, não houve decréscimo de casos de infecção e mortes, tivemos os impactos das ondas seguintes estando em alta.
Por conta dos governadores não alinhados automaticamente com o Governo Federal, tivemos a entrada “à fórceps” das vacinas, iniciando-se pela Coronavac, que entre janeiro e abril deste ano representava 80% da vacina aplicada no braço dos brasileiros vulneráveis.  Entretanto, há ainda a elevada politização do tema que em nada contribui para atingirmos a segurança imunológica no País.  Isso sem dizer que o Ministro da Saúde àquela época, General Eduardo Pazzuello DISPENSOU a oferta de vacinas GRÁTIS pela OMS que imunizaria 50% da população brasileira, e teríamos começado a campanha ainda em dezembro de 2020.
Entendemos que a ausência das salas de aula geram um prejuízo aos estudantes enquanto a retenção do conteúdo obrigatório de aprendizagem, entretanto, um prejuízo ainda maior é a exposição ao vírus que, ainda que desenvolva quadros leves, pode ter sérios danos ao sistema cognitivo, o que dificultaria a longo prazo (ou definitivamente) não só o aprendizado, como a vida.
É possível minimizar os impactos de aprendizagem ocasionados por força da pandemia, após esta encontrar-se controlada, com atividades complementares, ensino híbrido (parte presencial e parte online), metodologia STEAM, dentre tantas outras formas e ferramentas que podem ser inseridas de maneira extracurricular.  O que não se pode é, a qualquer custo atropelar a razão e impor maiores perdas e prejuízos de vidas às famílias brasileiras.  O ministro da educação não está fazendo a lição de casa durante a pandemia, fechou seus olhos e ignorou os fatos que colocaram o Brasil como vetor de transmissão mundial da doença.
A Educação está doente, por responsabilidade direta do Governo Federal como um todo.
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