Luiz Inácio Lula da Silva é eleito presidente do Brasil

Luiz Inácio Lula da Silva é eleito presidente do Brasil

31 de outubro de 2022 0 Por Redação Em Notícia

Lula é o primeiro ex-presidente brasileiro a ser eleito para um novo mandato: relembre os fatos dessa trajetória

Luiz Inácio Lula da Silva é o primeiro ex-presidente brasileiro a ser eleito para exercer um novo mandato. Às 19h57, com 98,8% das urnas apuradas, o candidato do PT contava com 59.563.912, milhões votos e não podia mais ser alcançado pelo seu adversário, o atual ocupante do Planalto Jair Bolsonaro (PL), consolidando a vitória.

Não foi uma caminhada trivial. Nem para ele, tampouco para a democracia brasileira. Após uma condenação judicial em processos eivados por ilegalidades e conduzidos por um juiz considerado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Lula enfrentou 580 dias de cárcere e foi impedido de concorrer às eleições de 2018, quando liderava as pesquisas de intenção de voto.

Após se tornar elegível em decisão da Corte em abril de 2021, o ex-presidente iniciou sua jornada para voltar à Presidência da República em uma quadra da história na qual o próprio arranjo democrático do país estava em risco.

“Tem uma frase do Paulo Freire que é fantástica, que eu utilizei para mostrar aos militantes do PT para falar da aliança com Alckmin: de vez em quando a gente precisa estar junto com os divergentes para combater os antagônicos. E agora nós precisamos vencer o antagonismo do fascismo, da ultradireita”, disse Lula na sabatina do Jornal Nacional, realizada em 25 de agosto. E o candidato do PT seguiu a ideia à risca.

Para viabilizar sua vitória e também assegurar estabilidade no mais que conturbado cenário político, Lula colocou como vice de sua chapa o ex-governador de São Paulo e um dos fundadores do PSDB, Geraldo Alckmin, hoje no PSB, traçando uma linha entre o que se pode definir como adversário e inimigo.

Ao mesmo tempo em que abriu ainda mais diálogo com os movimentos populares, alijados de qualquer possibilidade de participação na elaboração de políticas públicas em nível federal desde a derrubada de Dilma Rousseff, buscou interlocução com setores da sociedade refratários ao petismo.

Votação no primeiro turno

No primeiro turno, realizado no dia 2 de outubro, Lula obteve 57,2 milhões de votos, o que corresponde a 48,43% do eleitorado. Bolsonaro foi o primeiro candidato à reeleição a não liderar a votação no primeiro turno.  A partir de então, a campanha do petista trabalhou para fechar apoios entre ex-presidentes, outros candidatos e governadores.

Segundo Turno

A terceira colocada no primeiro turno, a candidata do MDB, Simone Tebet, confirmou o apoio a Lula poucos dias depois. Em pronunciamento transmitido pelas redes sociais, Tebet leu o documento que chamou de “Manifesto ao Povo Brasileiro”. Citando os quase 5 milhões de votos que recebeu no primeiro turno, afirmou que não está “autorizada a abandonar as ruas e praças enquanto a decisão soberana do eleitor não se concretizar”.

O quarto colocado, Ciro Gomes (PDT), não apoiou explicitamente Lula, mas seguiu a decisão de seu partido, que se posicionou pela volta de Lula ao Planalto. Ao contrário de Tebet, Ciro Gomes não participou de nenhum ato de campanha de Lula.

Logo em seguida, somaram-se a Tebet o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que comandou o país entre 1995 e 2003. Em seu anúncio, FHC declarou seu apoio “por uma história de luta pela democracia e inclusão social”.

Entre o primeiro e segundo turnos, os eleitores também assistiram aos debates presidenciais, que foram marcados pela desinformação e ataques.

Jair Bolsonaro (PL) inviabilizou a troca de ideias no primeiro bloco do debate da TV Globo, na noite desta sexta-feira (28). Nervoso, Bolsonaro tentou forçar a versão de que fortaleceria o salário-mínimo, contrariando a informação dada por seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que previa a desindexação do benefício da inflação. Por boa parte do debate, Bolsonaro insistiu no tema.

“Parece que meu adversário está descompensado. Porque ele é um samba de uma nota só. Tô dizendo que mentiroso é o presidente Bolsonaro que mentiu 6.498 vezes durante seu mandato e que só nos programas de televisão nós conseguimos 60 direitos de respostas das mentiras que ele conta. É isso”, afirmou Lula em reação.

Em outro debate, na TV Bandeirantes, Bolsonaro tentou colar ao Lula uma suposta ligação com Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital). O petista, no entanto, reagiu. “O candidato sabe que quem cuida de crime organizado não sou eu. Quem tem relação com miliciano e crime organizado, ele sabe que não sou eu, e sabe quem tem. Sabe inclusive da culpabilidade que foi o crime organizado que matou a Marielle no Rio de Janeiro. Eu se tivesse pedido pra transferir, a gente transferia porque fui eu que fiz prisão de segurança máxima. Cinco prisões”, afirmou.

Além dos atos oficiais de campanha, que incluiu debates, comícios e reuniões partidárias, o período também foi marcado por acirramento entre os militantes. Os mais recentes e que ganharam maior repercussão envolveram os bolsonaristas Roberto Jefferson, ex-presidente do PTB, e a deputada federal Carla Zambelli (PT-SP).

Roberto Jefferson foi preso após atacar a tiros e com granadas agentes da Polícia Federal que foram cumprir uma ordem judicial de prisão do político no município de Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio, em 23 de outubro.

Jefferson se recusou a se entregar e a negociação para a sua rendição durou mais de oito horas e contou com a presença do candidato derrotado à presidência da República pelo PTB, Padre Kelmon.

Além da prisão determinada por medida do STF, Roberto Jefferson também teve uma nova prisão em flagrante determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, por suspeita de tentativa de homicídio dos dois policiais federais como reação à ordem de prisão anterior. No episódio, dois policiais foram feridos por estilhaços de granadas jogadas pelo ex-deputado contra os agentes.

Zambelli, por sua vez, perseguiu à mão armada um homem negro, na região central de São Paulo, neste sábado (29). Em vídeo que circula nas redes sociais, a parlamentar aparece com uma arma em punho, correndo atrás de homem que se esconde em uma lanchonete. Amparada por assessores, Zambelli entra no local e ordena: “Deita no chão.”

Zambelli também descumpriu propositalmente a Resolução 23.669/2021, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proíbe o porte de armas 24 horas antes das eleições. “Conscientemente estava ignorando a resolução e seguirei ignorando a resolução do senhor Alexandre de Moraes, porque ele não é legislador, é um membro do STF, ele não pode fazer lei, isso é ativismo judicial”, afirmou Zambelli.

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