Expansão da SpaceX causa revolta nos EUA

Expansão da SpaceX causa revolta nos EUA

24 de maio de 2021 0 Por Redação Em Notícia

Moradores serão forçados a abandonarem suas casas para que possa haver crescimento da base de lançamento da empresa espacial

A pequena cidade de Boca Chica, no Texas, tem ficado agitada nos últimos anos com as atividades da SpaceX, empresa de Elon Musk, que escolheu o local em 2014 para construir as instalações de operação e tecnologias espaciais. Desde então, a empresa vem se expandindo no território da cidade para incorporar novas tecnologias — e os moradores locais não estão gostando de ver a SpaceX dominando a área.

Atualmente, a SpaceX segue desenvolvendo o veículo Starship para levar humanos a Marte no futuro e permitir que vivam por lá. Assim, a humanidade pode continuar existindo mesmo que aconteça uma tragédia em escala planetária que seja capaz de ameaçar a sobrevivência humana na Terra, como a ocorrência de uma guerra nuclear ou o impacto de um asteroide, por exemplo. Para isso, a SpaceX se estabeleceu em Boca Chica e segue testando protótipos do veículo por lá.

Rosemaria Workman é uma das pessoas que não está nada satisfeita com o que vem acontecendo na cidade. Segundo ela, “os moradores passam por isso há um longo tempo, e precisam viver por lá”. Vários vizinhos dela receberam ofertas da SpaceX para deixar o lugar — a empresa ofereceu US$ 150 mil para cada um dos residentes deixar suas casas, que equivale ao triplo do valor das casas. Hoje, a SpaceX já é dona de 25 das 37 residências presentes em uma das ruas mais ocupadas da cidade.

Quando acontece algum teste com foguetes, a empresa notifica os moradores para evacuarem a área e os avisa da possibilidade de janelas se quebrarem durante os procedimentos. Neste período, os moradores vão para um hotel próximo, com estadia por conta da empresa de Musk — e, além disso, os testes modificando a paisagem local, já que há marcas deixadas pela explosão de alguns foguetes. Desde a explosão do protótipo SN11, por exemplo, Musk vem dedicando esforços para atrair engenheiros, técnicos e outros profissionais para a cidade.

Hoje, os moradores sentem que lutam uma batalha perdida: “eu não gosto do que eles fazem, mas você não vai querer começar uma briga com eles”, disse Jim Crawford, outro residente de Boca Chica, acrescentando que “não importa mais, de qualquer forma eles fazem o que querem fazer”. Mesmo com a insatisfação dos habitantes da cidade, Musk segue a todo vapor em seu projeto espacial e já disse, inclusive, que pretende renomear a cidade como “Starbase”.

Mais expansões e preocupações

Boca Chica não é o único lugar que já atraiu o olhar da SpaceX: no ano passado, o governo da Indonésia ofereceu a ilha de Biak, que tem cerca de 100 mil habitantes, para servir como local de lançamentos para a empresa de Musk. A ilha fica em uma região rica em recursos naturais, como níquel e outros metais, que são essenciais para a produção dos foguetes e das baterias de carros elétricos, como os veículos Tesla.

Além disso, Biak fica a 1º ao sul do equador — ou seja, os lançamentos realizados lá consomem menos combustível para alcançar a órbita. Na ocasião, os oficiais do governo afirmaram que o projeto irá ajudar no desenvolvimento econômico da ilha e beneficiaria os residentes, já que a região é rural e não tem infraestrutura urbana. Ainda não está claro se o bilionário aceitou a proposta, mas os habitantes de Biak vêm se opondo à proposta.

Hoje, os moradores da ilha dependem, principalmente, da pesca, caça e horticultura para a subsistência diária, e essas atividades fazem parte da comunidade há gerações. Assim, eles se preocupam com os impactos negativos que podem ser causados na cultura tradicional que têm, e temem precisar deixar seus lares e vilarejos. Ainda, eles consideram que o meio-ambiente é uma fonte de conhecimento tradicional e precioso, e danificá-lo significa ameaçar a identificar cultural e o orgulho do povo.

De fato, a exploração espacial é promissora e pode significar um futuro revolucionário para a humanidade no futuro. Contudo, muitos habitantes consideram que o olhar para o futuro exige, primeiro, o reconhecimento da comunidade local e do histórico geopolítico local, marcado pela violência no passado e que segue afetando os moradores mesmo atualmente.

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