Estudo japonês revela ligação entre ácidos graxos no cordão umbilical e risco de autismo

Estudo japonês revela ligação entre ácidos graxos no cordão umbilical e risco de autismo

18 de dezembro de 2024 0 Por Redação Em Notícia

A busca por uma explicação definitiva para as causas do autismo continua sendo um grande desafio para a ciência. Embora se saiba que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) resulta de uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais, um novo estudo da Universidade de Fukui, no Japão, revela uma possível ligação entre substâncias no sangue do cordão umbilical e o desenvolvimento do transtorno.

Impacto dos Ácidos Graxos no TEA

Pesquisadores da Universidade de Fukui descobriram que níveis elevados de um composto chamado diHETrE no sangue do cordão umbilical podem estar associados à gravidade dos sintomas do autismo em crianças. O estudo, publicado no jornal Psychiatry and Clinical Neurosciences, envolveu 200 crianças e analisou a presença de ácidos graxos poli-insaturados, especificamente o diHETrE, um diol derivado do ácido araquidônico.

Diferença nos Efeitos Entre Meninos e Meninas

Os resultados mostraram que crianças com níveis mais altos de diHETrE apresentaram dificuldades significativas nas interações sociais, enquanto aquelas com níveis mais baixos exibiram comportamentos repetitivos e restritivos. Além disso, os efeitos do diHETrE sobre os sintomas do autismo foram mais evidentes em meninas do que em meninos, sugerindo que a dinâmica desse composto durante o período fetal pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento infantil.

Potencial Diagnóstico Precoce e Prevenção

O professor Hideo Matsuzaki, um dos responsáveis pelo estudo, explicou que os níveis de diHETrE no sangue do cordão umbilical impactam diretamente os sintomas subsequentes de TEA nas crianças, afetando também seu funcionamento adaptativo. Esses achados abrem novas possibilidades para a prevenção e diagnóstico precoce do autismo. Uma das principais implicações do estudo é a possibilidade de usar a medição dos níveis de diHETrE no nascimento para prever o risco de desenvolvimento do TEA. Além disso, os pesquisadores sugerem que inibir o metabolismo dessa substância durante a gravidez poderia ser uma estratégia para prevenir o surgimento de características do autismo em crianças. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados e entender melhor essa relação.

O Autismo no Contexto Global

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 70 milhões de pessoas no mundo vivam com algum tipo de Transtorno do Espectro Autista (TEA). A condição, que afeta o desenvolvimento neurológico e comportamental, pode se manifestar de diferentes formas e intensidades, com alguns indivíduos apresentando sintomas leves e outros necessitando de cuidados contínuos ao longo da vida. Embora os sinais de autismo possam ser detectados ainda na primeira infância, o diagnóstico formal costuma ocorrer mais tarde, o que torna a identificação precoce e a pesquisa sobre suas causas ainda mais relevantes para o avanço no tratamento e suporte aos afetados.

Autismo no Brasil

Estudo recente revela que, no Brasil, 1 a cada 30 crianças é diagnosticada com autismo. O número tem aumentado devido ao maior reconhecimento da condição e à evolução das técnicas de diagnóstico. Especialistas destacam a importância da detecção precoce para garantir o desenvolvimento adequado dos pequenos.

Com informações do portal Catraca Livre.

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