Copom e Fed devem manter juros, mas cenário externo adiciona incerteza ao mercado
28 de julho de 2025- Como você avalia o atual cenário econômico às vésperas da Super Quarta?
Estamos em um momento de bastante atenção, tanto aqui quanto lá fora. Por um lado, vemos os juros futuros no Brasil recuando, refletindo a queda do dólar e dos Treasuries, o que traz algum alívio. Por outro, tem essa tensão comercial entre Brasil e EUA que adiciona uma dose de incerteza ao ambiente. O investidor está cauteloso, esperando os próximos passos do Copom e do Fed, mas sem perder de vista os ruídos políticos e o cenário externo.
- Quais são as expectativas do mercado para a decisão do Banco Central brasileiro em relação à taxa Selic na próxima Super Quarta?
O consenso hoje é de manutenção da Selic em 15%. O Banco Central já deu sinais de que vai manter a taxa elevada por mais tempo justamente para garantir o controle da inflação e ancorar as expectativas. Com o fiscal pressionado e o cenário internacional ainda incerto, cortar juros agora seria arriscado.
- Quais são as expectativas para a decisão do Fed sobre os juros nos Estados Unidos? Como ela afeta os investidores brasileiros?
O mercado está apostando na manutenção dos juros pelo Fed, com uma possível sinalização de corte mais pra frente, se os dados de inflação continuarem melhorando. Para nós aqui no Brasil, um Fed menos agressivo é positivo: reduz pressão sobre o dólar, facilita entrada de capital estrangeiro e melhora o apetite por risco nos mercados emergentes. Isso tende a beneficiar tanto a bolsa quanto a renda fixa local.

- Diante das decisões do Fed e do Copom, quais setores da bolsa brasileira podem se beneficiar ou sofrer impactos?
Se o cenário se confirmar com Fed estável e Copom mantendo a Selic, setores ligados ao consumo interno, como varejo e construção, podem ganhar fôlego. O setor financeiro (investidores conservadores) também costuma se beneficiar com uma Selic elevada por mais tempo. Já setores exportadores, como commodities e agro, estão mais vulneráveis por causa das tensões comerciais e possíveis tarifas dos EUA.
- Como as decisões do Fed e do Copom podem impactar os investimentos no Brasil?
Essas decisões são cruciais porque mexem com câmbio, fluxo de capital e expectativas de inflação. Com a Selic alta, a renda fixa segue atrativa, principalmente os títulos indexados à inflação e pós fixados. Mas se o Fed começar a sinalizar cortes, a bolsa brasileira pode ganhar tração, porque isso estimula o apetite por risco globalmente. Então, pode ser um bom momento para buscar equilíbrio entre os dois mundos: renda fixa para segurança e bolsa para aproveitar oportunidades.
- Há setores ou ativos que podem se beneficiar ou sofrer com os desdobramentos da Super Quarta?
Com certeza. Renda fixa pré e IPCA de curto prazo são os mais sensíveis a qualquer surpresa nas decisões. Em bolsa, empresas mais alavancadas e dependentes do mercado interno tendem a responder melhor a um ambiente de juros estáveis ou em queda. Já os exportadores podem sofrer com a alta do dólar ou novas tarifas. E vale lembrar que o câmbio pode oscilar bastante, então ativos dolarizados ou fundos cambiais também entram no radar.
- Quais os principais riscos e oportunidades que o investidor precisa monitorar no segundo semestre de 2025?
Entre os riscos, o principal é a escalada das tensões comerciais com os EUA, que pode afetar diretamente nosso setor exportador e pressionar o câmbio. Outro ponto é o fiscal brasileiro, que segue delicado. Mas há oportunidades também: os juros reais seguem altos, então a renda fixa continua sendo uma excelente opção. E se o cenário externo ajudar, a bolsa brasileira ainda está barata e pode atrair fluxo estrangeiro.
- Como o investidor deve se posicionar nesse momento? Qual o papel da diversificação nesse contexto?
O segredo é manter o portfólio bem diversificado. Aproveitar os juros altos na renda fixa, mas sem deixar de olhar pra bolsa, especialmente em setores ligados ao consumo interno. Ter uma parte em ativos dolarizados também ajuda a proteger contra riscos externos. A diversificação é o que garante que o investidor esteja preparado para diferentes cenários, tanto os mais positivos quanto os de maior turbulência.
- Esse novo cenário de tensões comerciais entre EUA e Brasil pode influenciar a decisão do Fed ou do Copom nesta Super Quarta? De que forma?
No curto prazo, o Fed não deve mudar sua política por causa dessa tensão bilateral, mas ele certamente monitora o impacto disso no comércio global. Já o Copom pode até considerar os efeitos indiretos, como a pressão no câmbio e inflação importada, mas o foco continua sendo o cenário doméstico. Então, apesar de não ser o fator principal, essas tensões entram no radar e podem influenciar o tom do comunicado.






