Brasil e Países Baixos (Holanda) empatam em jogo de seis gols

Com dois gols no primeiro tempo e quatro no segundo, brasileiras e neerlandesas empatam em um jogo bastante movimentado

Um grande jogo digno de duas grandes nações do futebol, Brasil e Países Baixos fizeram uma partida de seis gols, empatando em três a três pelo segundo jogo dos dois países pelo grupo F do torneio feminino do futebol nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, no estádio de Miyagi.

A partida começou com tudo: logo aos três minutos a atacante Miedema recebeu a bola dentro da área, fez o giro sobre Érika e colocou rasteiro à esquerda da goleira Bárbara. Estava aberto o placar. Não demorou muito para o Brasil reagir, que teve um pênalti não confirmado pelo árbitro de vídeo aos seis minutos. Aos 16, Debinha empata. A partir de então o primeiro tempo foi equilibrado e sem grandes chances para as duas seleções.

Dois gols, um a um e tudo igual nos primeiros quarenta e cinco minutos.

Segundo tempo

O segundo tempo reservou grandes emoções. A técnica do Brasil, Pia Sundhage fez três substituições ao intervalo e as jogadoras que entraram foram determinantes nas ações da etapa complementar.

No início as duas equipes ainda se estudavam, quando Miedema subiu mais alto que a zaga brasileira e em cabeçada perfeita fez seu segundo gol aos 14 minutos. Os Países Baixos passavam novamente à frente do placar. Cinco minutos mais tarde Ludmila, que entrou no intervalo, entra veloz na área pela esquerda e recebe falta. Pênalti, desta vez confirmado. Marta cobra: goleira de um lado, bola do outro e gol. Tudo igual novamente.

A virada brasileira aconteceu aos 22 minutos. A zagueira neerlandesa Nouwen foi recuar para a goleira, Ludmila usou da velocidade para chegar antes na bola, e tirar de van Veenendaal e marcar. Virada em Miyagi, três a dois para o Brasil. Entretanto o jogo continuou lá e cá e Janssen empata, de falta aos 34 minutos. Números finais, seis gols e empate por três a três.

“A gente sabia que ia ser um jogo difícil, acredito que fizemos bom trabalho, há muito para melhorar, sobretudo o gol que levamos no início. Contra uma equipe como esta temos que estar ligadas. No contexto geral nós conseguimos desempenhar um bom papel contra uma das melhores equipes da atualidade, mas podemos fazer muito mais do que isso”.

-Marta, após o jogo para o canal Sportv

Autora de um gol e protagonista da jogada que resultou em pênalti para o Brasil, a atacante Ludmila, do Atlético de Madri (ESP), comentou sobre sua atuação:

“Quero agradecer a Deus e minha família. Só fiz o que a Pia pediu, na jogada deu certo, usei a velocidade, roubei a bola e fiz o gol. Não importa ser titular ou não, só quero jogar e é a Pia quem vai decidir se eu começo ou não jogando”.

-Ludmila, após o jogo para o canal Sportv

• Países Baixos 3: 1 van Veenendaal (C); 2 Wilms, 3 van der Gragt, 4 Nouwen; 6 Roord; 7 van de Sanden (18 Beerensteyn), 9 Miedema (13 Pelova), 10 van de Donk, 11 Martens, 14 Groenen e 17 Janssen. Reservas: 16 Kop, 5 van Dongen, 12 Folkertsma, 15 van Es e 19 Jansen. Técnica: Sarina Wiegman.
• Brasil 3: 1 Bárbara; 3 Érika, 4 Rafaelle; 6 Tamires, 13 Bruna Benites, 8 Formiga (11 Angelina), 17 Andressinha; 7 Duda (21 Andressa Alves), 10 Marta (C) (15 Geyse), 16 Bia Zaneratto (12 Ludmila) e 9 Debinha. Reservas: 18 Letícia, 2 Poliana e 14 Jucinara. Técnica: Pia Sundhage.
• Arbitragem: Kate Jacewicz (Austrália); KIM Kyoung Min (República da Coreia) e LEE Seul Gi (República da Coreia).
• Gols: Miedema (NED) aos 3 minutos (1 x 0); Debinha (BRA) aos 16 minutos (1 x 1); Miedema (NED) aos 59 minutos (2 x 1); Marta (BRA) aos 54 minutos (2 x 2); Ludmila (BRA) aos 68 minutos (2 x 3); Janssen (NED) aos 79 minutos (3 x 3).
• Cartões: Amarelo para 3 van der Gragt (NED), 6 Roord (NED) e Ludmila (BRA).

Pia Sundhage, uma sueca bem brasileira

A sueca treinadora do Brasil fez três substituições ao intervalo que foram determinantes para o desempenho da seleção no segundo tempo contra os Países Baixos.

Como futebolista, atuou por 22 anos pela seleção do seu país, até 1996, inclusive tendo jogado contra o Brasil na Copa do Mundo FIFA 1995. Como treinadora, trabalhou em diversos clubes até ser assistente da China em 2007. No ano seguinte aceitou o convite de dirigir a seleção feminina dos Estados Unidos. À frente da equipe, foi bicampeã Olímpica em Beijing 2008 e Londres 2012. Foi escolhida pela FIFA (Federação Internacional de Futebol) a melhor treinadora da temporada 2012.

Voltou para a Suécia e nos Jogos Rio 2016 foi vice-campeã Olímpica. Três anos depois, em 2019, após a Copa do Mundo FIFA daquele ano, assumiu a seleção feminina do Brasil. A primeira estrangeira de sempre a ocupar este cargo. No comando das brasileiras tem conseguido bons resultados, como por exemplo a primeira vitória na história sobre a Inglaterra em um jogo oficial.

Com Pia como treinadora, as atletas têm mostrado evolução em fundamentos como finalizações e passes. Em termos coletivos, a equipe tem melhorado o sistema defensivo e de ataque, sobretudo contra as seleções melhores colocadas no ranking da FIFA, além de boa melhora nas finalizações em gol.

Ela mostra estar bastante adaptada ao Brasil fora de campo e dentro dele também:

“Futebol é um jogo muito complexo, tanto no ataque e na defesa. A primeira coisa que temos que fazer quando perdemos a bola é perguntar: ‘Por que isso aconteceu?’ Mas estou no Brasil, que é um país muito voltado para o ataque. Nós temos que chegar a um equilíbrio”.

-Pia Sundhage, sobre como tem trabalhado com o futebol brasileiro, para o site da CBF (Confederação Brasileira de Futebol)

O Brasil voltará a campo na próxima terça, dia 27 contra Zâmbia, às 8:30 (hora de Brasília), pela última partida da fase de grupos, no Estádio de Saitama. No mesmo dia e horário, em Yokohama, os Países Baixos vão jogar contra a China. Brasil e Países Baixos lideram o grupo F com quatro pontos, mas os Países Baixos estão com melhor saldo de gols.

Aliás, gols não faltaram nesta segunda rodada. Nos demais jogos deste sábado, pelo grupo do Brasil, China e Zâmbia também empataram com uma “chuva” deles: 4 a 4. No grupo E o Chile perdeu para o Canadá por 2 a 1, enquanto a Grã-Bretanha superou o Japão por 1 a 0.

No grupo G a Suécia venceu a Austrália por 4 a 2 enquanto que os Estados Unidos fizeram exibição para se esquecerem da estreia (derrota de 3 a 0 para a Suécia) e golearam a Nova Zelândia por 6 a 1.

A 3ª rodada do torneio feminino de futebol acontece na próxima terça, dia 27.

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