Desabamento em edifício de BH acende alerta para vazamentos
3 de fevereiro de 2022A utilização de recursos avançados, ao lado de práticas assertivas, pode possibilitar um diagnóstico correto das patologias existentes e evitar tragédias
Prédio teve segundo desabamento 18 dias após a primeira ocorrência; para especialistas, engenharia diagnóstica é opção para localizar a origem de vazamentos e infiltrações
No dia 27 de janeiro, o espaço onde se situa uma quadra de esportes de um prédio residencial localizado no bairro Buritis, em Belo Horizonte (MG), desabou, levando moradores do edifício a evacuar o local. Não houve registro de feridos e tampouco de danos em prédios vizinhos.
O imóvel é o mesmo onde houve um desmoronamento parcial da área de lazer, no dia 9 de janeiro, quando os moradores também precisaram deixar o imóvel por ordem da Defesa Civil, que vistoriou o espaço. Segundo análise realizada pelo Corpo de Bombeiros no primeiro desabamento, não houve danos estruturais no imóvel devido às infiltrações e vazamentos, sendo afetada apenas a área de lazer, onde a quadra está localizada.
A nota divulgada pela Defesa Civil após o segundo desabamento, por sua vez, ressalta que “os responsáveis pelos condomínios foram orientados a manter o isolamento e providenciar ações para mitigação dos riscos e recuperação do local”. Além disso, o informe indica que “a responsabilidade de manutenção, estabilidade, conservação, fechamento, segurança e salubridade do imóvel é do proprietário, conforme artigo 8º da Lei Nº 9725 Código de Edificações do Município de Belo Horizonte”.
Para Fábio Lúcio, especialista em detecção de vazamentos e proprietário da Hidrofox Caça Vazamentos, desabamentos como os ocorridos em Belo Horizonte podem impactar em vazamentos e danos às tubulações destes edifícios atingidos. De modo reverso, falhas na estrutura interna de uma edificação geradas por vazamentos também podem servir de gatilho para situações em que, em cenários extremos, resultem em desabamentos.
Neste sentido, o profissional afirma que, embora muitos acreditem que as fortes chuvas possam gerar problemas exclusivamente a moradores de coberturas – locais que fazem a captação de todo o volume de água pluvial de um prédio -, elas podem afetar todo o edifício, “provocando oxidação das armaduras de concreto e o desplacamento dos revestimentos, e danos estéticos, como manchas, mofos, bolores e goteiras”.
Para o engenheiro civil Thiago Cunha, especialista em detecção de vazamentos e proprietário da Eficaz Hidráulica, outro ponto que deve ser levado em consideração é a infiltração por umidade do solo, comum no rodapé dos imóveis. “Essa patologia é crônica e está relacionada à capacidade de absorção e retenção da umidade do solo. Por isso é importante que, antes de iniciar uma construção, seja realizada a sondagem de solo, drenagem e impermeabilização, juntamente com o projeto estrutural”.
Cunha destaca que é necessário redobrar a atenção, pois nem toda umidade de rodapé está relacionada ao solo, podendo ser resultado de uma infiltração das caixas e da rede de esgoto. Neste caso, apesar de silenciosa, a infiltração poderá provocar crateras por baixo da edificação.
Independentemente do período chuvoso, explica, há infiltrações que ocorrem o ano inteiro, casos relacionados às instalações hidrossanitárias. “Instalações mal dimensionadas, onde não foram calculadas as perdas de carga das conexões e o volume do fluído proporcional ao diâmetro da tubulação, podem provocar a falta de água em alguns pontos da residência ou entupimento na rede sanitária, além de ocasionar vazamentos, sobretudo se a execução não tiver sido feita de forma correta”, esclarece.
Engenharia diagnóstica é opção para localizar a origem de vazamentos e infiltrações
Segundo Lúcio, quando o problema ocorre, é comum que surja a pergunta: “de onde está vindo o vazamento ou a infiltração?”. Para ele, a questão traz à tona a importância do diagnóstico preciso, por meio da engenharia diagnóstica. “Trabalhar com equipamentos modernos que possibilitam localizar a origem da infiltração com precisão – sem ter que quebrar o imóvel – é a chamada ‘análise por métodos não destrutivos’”.
Cunha complementa que esse método traz economia de mão de obra, preservação do acabamento, compra de materiais e agilidade nos resultados esperados, além de ter a certeza de que se está combatendo o mal “pela raiz”.
Os especialistas concordam que, para realizar a pesquisa de vazamentos sem o tradicional “quebra-quebra” deve-se utilizar uma tecnologia de ponta, como geofone digital, além de outros equipamentos específicos e modernos. “A utilização de recursos avançados, ao lado de práticas assertivas, pode possibilitar um diagnóstico correto das patologias existentes e evitar tragédias”, conclui Lúcio.
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