Bruxismo apresenta crescimento após a pandemia de Covid-19
15 de outubro de 2021Estudos indicam que, apesar de multifatorial, o bruxismo está fortemente relacionado ao estresse e a crise causada pela pandemia do novo coronavírus favorece o aumento de casos da doença
Doenças psicológicas estão cada vez mais na mira dos estudos científicos atuais e patologias e sintomas ligados ao estresse e ansiedade estão sendo tratados com mais seriedade e recorrência, tanto pela comunidade médica quanto pela sociedade em geral. Só no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde, mesmo antes da crise causada pela Covid-19, o número de pessoas com ansiedade ultrapassava 12 milhões e este número aumentou ainda mais desde o início da pandemia, tornando 80% da população mais ansiosa.
Muitos são os sintomas causados pela ansiedade, tais como: angústia, inquietação, insônia, medo, entre outros que dificultam demais a vida de quem apresenta tal condição, e uma das consequências da ansiedade, se não tratada, pode ser a depressão. Um dos aspectos notados com muita frequência e que tem sido alvo de investigações e cuidados é o bruxismo, muito associado à ansiedade e ao nervosismo. O bruxismo é um hábito involuntário que consiste em pressionar a mandíbula com muita intensidade ou ranger os dentes de maneira permanente, causando lesões, desgaste da mandíbula, ocasionando dores e prejuízos para o portador do hábito.
Um estudo publicado no Journal of Clinical Medicine atestou que houve crescimento na incidência de casos de bruxismo em aproximadamente 1.700 entrevistados da Polônia e de Israel desde o início da pandemia do novo coronavírus, muito desse crescimento ocasionado por distúrbios psicológicos. De acordo com entrevistas com estudantes da PUC – RS, especialistas apontam que dentro da comunidade o aumento de casos do sintoma subiu de 8% para 28%.
Tratamento
De acordo com o Dr. Eduardo Gualda, Cirurgião Dentista da Rede It’s Odonto Orthodents, CRO/SP 90616, a busca por tratamentos odontológicos cresceu em consequência de tais distúrbios que ocasionam lesões bucais. “O estresse do dia a dia faz com que esse problema aumente demasiadamente causando aí sérios problemas ao paciente como dores de cabeça e desgaste dentário e outros mais graves. Em casos mais severos, sugere-se cirurgia das articulações, além de tratamentos com aparelhos ortodônticos”. Outros tratamentos também são empregados dependendo do grau da lesão ocasionada pelo bruxismo, como a aplicação de toxina botulínica (botox) para a contenção da atividade mandibular intensa e involuntária. Ainda, de acordo com o profissional, o tratamento deve ser contínuo e feito por alguém de confiança, pois a tendência é que estes sintomas se estendam por grande parte da vida.
Prevenção
Mesmo sendo uma doença multifatorial, ou seja, que pode se manifestar a partir de diversos fatores, é quase consenso que questões psicológicas influenciam de maneira significativa para o bruxismo. Segundo o Dr. Drauzio Varella (USP) há que regularmente se ter uma rotina de atividades que aliviam as tensões causadas pelo estresse e angústias do dia a dia. Entre elas estas estão:
- Evitar apertar os dentes, quando estiver empenhado em uma tarefa ou situação mais complicada;
- Procurar não mascar chicletes ou mordiscar sistematicamente objetos duros, como pontas de lápis e canetas, por exemplo;
- Fazer exercícios. A prática regular de atividade física ajuda a controlar o estresse e as crises de ansiedade que podem favorecer o apertar dos dentes;
- Não se esquecer de colocar a placa interoclusal antes de dormir. Se o problema se manifestar também de dia, usá-la sempre que possível.
Além destes cuidados, é muito importante que o portador consulte regularmente profissionais da saúde bucal, pois os desgastes ocasionados pelo bruxismo causam lesões que podem gerar infiltrações nos dentes, o que favorece o aparecimento de cáries e prejuízos à raiz e estrutura do dente.
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