Uma mulher é agredida a cada oito minutos no Brasil segundo Datafolha
30 de setembro de 2021Para se livrar de um relacionamento tóxico ou agressivo é preciso primeiro compreender que a mulher não é a culpada e buscar ajuda
Especialista que foi vítima de agressão aponta sinais de como identificar uma relação tóxica antes de virar um dado estatístico.
“Geralmente o agressor é inteligente, tem boa aparência e sabe se comunicar muito bem. No começo é um verdadeiro “gentleman”, prestativo, carinhoso e surpreendente, mas com o passar do tempo vai demonstrando traços egocêntricos e manipulador, desconfiando de tudo. São teimosos, exigentes, buscando controlar tudo ao redor, mas fazem isso de uma forma que deixam as mulheres se sentindo culpadas, sendo o primeiro sinal de alerta. Geralmente as mulheres não percebem estes sinais e vão se envolvendo cada vez mais, criando um laço de dependência afetiva”, afirmou Fernanda
Segundo a especialista, “é preciso ficar atenta aos tipos de agressões, que têm várias faces e intensidades, mas que podem ser dividias em: Verbal, Moral e Psicológica e até mesmo Financeira”, muitas dessas agressões ocorrem de forma natural e são pouco percebidas, ressalta.
Agressão verbal
Agredir a mulher com palavras, xingar, utilizar palavras torpes, gritar, ridicularizar, fazer piadas, ofender em público ou dentro de casa, humilhando e ridicularizando.“Às vezes um comentário em roda de amigos ou família que menospreze a imagem da mulher, já é suficiente para fazer a mulher se sentir prejudicada emocionalmente e isso é um sinal claro de um tipo de agressão comum”, relata Fernanda.
Agressão moral/psicológica
A agressão moral consiste em ofensa, calúnia, difamação, distorção dos fatos, injúria e ciúmes excessivo são as principais, mas podem haver outras.“Um simples pedido de ver o celular ou vasculhar as redes sociais, além de invadir a privacidade, constitui numa agressão psicológica, conduzindo a vítima a ter medo criando uma enorme pressão emocional. Algo totalmente prejudicial, pois o relacionamento é constituído na base da confiança e exigir o acesso às redes sociais é crime contra a privacidade do outro”, ressalta Fernanda.
Agressão financeira ou patrimonial
A agressão patrimonial tem sido constante em quase todos os casos conforme levantamento da ONG, onde a vítima tem dependência financeira, que em muito casos está condicionada a impossibilidade da mulheres trabalharem fora pelas demandas do lar.“Seja com bloqueio de cartão, retenção de documentos, ameaçar de cortar benefícios e dentre outras coisas que afetam o financeiro, é um abuso patrimonial e deve ser denunciado!”, enfatiza a líder do projeto.Malala Yousafzai, ganhadora do prêmio Nobel travou lutas contra um sistema de agressão feminina imposta por regimes religiosos que impediam as mulheres de estudar, que quase custou sua vida após ser alvejada por um tiro na cabeça.
Hoje, anos mais tarde e formada pela Universidade de Oxford, Malala, que tem ONGs no mundo todo, inclusive no Brasil, faz uma única súplica: “As mulheres precisam assumir o controle de suas vidas, por mais difícil que possa parecer, mas é muito mais difícil ter uma vida controlada e reprimida!”Ao se deparar com qualquer sinal de agressão, é preciso que busque uma Delegacia da Mulher, ligar no Disque Denúncia no telefone 180 ou buscar ajuda em centros especializados.
“Não se cale nem ache que é algo normal e que vai passar! Dezenas de mulheres são agredidas há anos nessa esperança e só quando a mulher se permite se libertar é que pode descobrir o quanto ela deve ser amada e valorizada de verdade”, finalizou Fernanda Ribeiro.