Segundo o oficial militar taiwanês Lin Wen-Huang, a resposta inicial a essas incursões ilegais será o envio imediato de aeronaves de patrulha de combate, além do deslocamento de navios de guerra. Além disso, a “província rebelde”, como Beijing costuma se referir a Taiwan, também fará uso de seus sistemas de mísseis de defesa aérea terrestres para alertar e dissuadir as aeronaves de guerra chinesas.
Lin reforçou que essa decisão tem como objetivo “proteger firmemente a segurança” da ilha.
Apesar de incursões de aviões de guerra chineses perto de Taiwan serem evento comum, a recente violação do espaço aéreo é considerada um caso “raro” pelas autoridades locais.
De acordo com relatos, dos 27 aviões detectados, oito ultrapassaram a linha de 24 milhas náuticas da costa taiwanesa, aproximando-se perigosamente do território. Essa situação ocorreu pela última vez em 2022, quando oito aeronaves de combate do ELP fizeram uma abordagem semelhante.
Embora as forças armadas de Taiwan tenham afirmado anteriormente que não iniciariam ataques preventivos para evitar uma escalada, esclareceram que isso não significa que não defenderão seu território contra atividades hostis.
Por que isso importa?
Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.
Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.
Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.
A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.
A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, em agosto. Foi a primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.
O treinamento serviu como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.
Desde então, aumentou consideravelmente a expectativa global por uma invasão chinesa. Para alguns especialistas, caso do secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin, o ataque “não é iminente“. Entretanto, o secretário de Estado Antony Blinken afirmou em outubro “que Beijing está determinada a buscar a reunificação em um cronograma muito mais rápido”.
As declarações do chefe da diplomacia norte-americana vão ao encontro do que disse o presidente chinês Xi Jinping no recente 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC). “Continuaremos a lutar pela reunificação pacífica”, disse ele ao assegurar seu terceiro mandato à frente do país. “Mas nunca prometeremos renunciar ao uso da força. E nos reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias”.