Resiliência em demasia ou sua profunda compreensão?

Resiliência em demasia ou sua profunda compreensão?

27 de fevereiro de 2022 0 Por

Acredito que a minha maior lição, considerando os últimos cinco anos, tenha sido uma profunda compreensão sobre a resiliência. Apesar de ser uma palavra da moda, a resiliência é algo que sempre esteve aí, na vida das pessoas que sofrem, do jeito que for. Aprendemos através da dor e de muito tempo, o que ela significa.

Com o passar dos anos e o passar dos sofrimentos, ficam as lições. Entendi que tudo o que eu não aceitava, doía muito mais e demorava a passar pela minha vida. Não foi um entendimento imediato, isso demorou a ser absorvido.

É como se a maioria das dores que senti tivessem sido resultado de uma não aceitação da minha parte. Vale aquele velho exemplo da criança, quando vai tomar uma injeção. É fato que ela não gosta e tem medo, mas se ela se debate, grita e chora, cria uma experiência muito mais traumática, dolorida e longa, do que poderia ser. Ela vai sofrer a picada do mesmo jeito, mas se ela não aceita, provavelmente será segurada por alguém, terá uma pressão e medo maior, do que se simplesmente aceitasse a dor da agulhada.

Quantas vezes na vida eu me debati e esperneei, ao invés de aceitar os fatos? Não faço ideia. Vezes demais, por certo. Tantas, que cansei. Tantas, que aprendi.

Hoje, quando algo ruim, ou que me entristece, acontece, minha reação é olhar para mim mesma, como se pudesse estar de fora. Eu falo comigo mesma, dizendo: “eu aceito a tristeza que está aqui e vou aprender com ela”. Há uma aceitação dos fatos, sejam eles quais forem. E mesmo que haja uma tristeza ou sentimento negativo, não há trauma, raiva ou intensidade, que me tirem o equilíbrio de saber que tudo na vida é passageiro. Está um pouco ruim agora? Logo passa.

O mesmo ocorreu em relação as coisas positivas que almejo para a minha vida. Onde antes existia uma euforia descontrolada e uma dispersão de energia em busca de algo positivo, hoje há calma, tranquilidade e tanta resiliência, que me assusta, me fazendo refletir sobre até que ponto a resiliência pode ser em demasia. Aprendi demais? Passei da conta?

Em 2011, escrevi meu primeiro livro. Desde então foram publicados 13 e 18 escritos, além de roteiros para filmes e peça de teatro. Centenas de crônicas. A ânsia e alegria do encontro da minha alma com a arte se manifestavam em criação sem fim. Tentativas e mais tentativas desenfreadas de escancarar qualquer porta que fosse, para um maior fluir da arte em minha vida. Foram várias portas e janelas.

No final do ano passado, finalmente tive a oportunidade de obter apoio profissional. Parece que finalmente abri uma porta. E sem escancará-la. E a porta está aberta, com passos resilientes, caminho conforme me chamam.

Quando antes não havia chamado algum e eu agarrava qualquer ideia que fosse, hoje minha mente aguarda direcionamento, talvez um sopro de intuição direcionada. Não que a inspiração tenha acabado, ela sempre andou comigo de mãos dadas e continua aqui. Mas o desespero acabou.

Foi embora a impulsividade, a ansiedade, os medos, a intemperança que parece atrapalhar a vida de todos nós quando jovens, na época de todos os erros.

Resiliência em demasia ou sua profunda compreensão? Ainda não sei. O futuro vai dizer. Vivo hoje na fé e na certeza, de que realmente tudo acontece na hora certa. Quem chega é a pessoa certa, quem vai, tem que ir. E o que acontece é mesmo o que deve acontecer. Não é necessário esforço, para o que tem de ser.

Se vou alcançar o que almejava desde o meu primeiro livro, não sei. E por incrível que pareça, nem tanto mais importa.

Importante é o agora. E o depois, a Deus pertence.

Carolina Vila Nova

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