República 136

República 136

14 de novembro de 2025 1 Por Redação Em Notícia
Neste feriado de 15 novembro, recomendo a leitura do excelente livro do jornalista e escritor Laurentino Gomes, intitulado “1889”. Como ele mesmo propõe na página de rosto, “como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil”.
Já na introdução do livro referido acima, o autor afirma que “o quinze de novembro é uma data sem prestígio no calendário cívico brasileiro”. Pura verdade. O nosso “7 de setembro” é muito mais festejado e celebrado país afora do que o “15 de novembro”.
A República nasce na esteira de promessas de prosperidade geral, na construção de um futuro glorioso, levando o povo a acreditar que ele seria protagonista dos destinos nacionais. Como diria Carlos Heitor Cony, “ledo (e Ivo) engano”. A proclamação da República em 15 de novembro de 1889 não foi resultado de uma intensa participação popular. Ao contrário, foi um golpe militar implementado com maestria, completamente divorciado da realidade das ruas.
As promessas republicanas rapidamente se dissiparam. A dura realidade veio à tona. Deodoro da Fonseca, eleito em 1891, como o primeiro presidente da República, renuncia no mesmo ano. Assume o posto outro marechal, Floriano Peixoto, que ganhou a alcunha de “Marechal de Ferro”. As mortes que não ocorreram em 1889, aconteceram aos montes nos anos que se seguiram. Era o resultado matemático entre as expectativas da população e a dura realidade do novo sistema de governo. Talvez, por esta e outras razões, o 15 de novembro não é, nem de longe, nosso feriado mais respeitado e celebrado.
República é palavra que tem sua origem no latim – “res publica”, “coisa pública”. É a forma de governo em que o povo, soberano, escolhe democraticamente seus representantes para governar de modo a atender o interesse da população. O princípio por trás da palavra é o da transparência, da informação clara, precisa, objetiva. Os ideais republicanos, a supremacia do bem comum, o protagonismo correto da lei, a liberdade individual, a luta por justiça e igualdade são valores inerentes à República.
A decepção popular com os poderes da República, nos três entes federativos, é altíssima. A grande maioria vê os três poderes com desconfiança e decepção. Admiração … nem de longe. Isso se reflete na celebração do feriado. Não empolga nem as torcidas do Flamengo e Corinthians, empolgadas por natureza. Viva a República? Não sei. Irá depender de seu próprio desempenho e da sintonia da mesma com os anseios populares.
É isto!
Reverendo Ailton Gonçalves Dias Filho, Pastor Presbiteriano e Professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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