Italo Ferreira é ouro em Tóquio 2020 na estreia do surfe Olímpico
27 de julho de 2021Exibição dominadora valeu título Olímpico ao surfista da Baía Formosa. Número um mundial Gabriel Medina fora do pódio em Tóquio 2020
A praia de Tsurigasaki ficará para a história dos Jogos Olímpicos como palco da estreia do surfe no programa. Também ficará associada à história Olímpica do Brasil, que aí conquistou sua primeira medalha de ouro em Tóquio 2020.
Italo Ferreira entrou na final em falso. Primeira onda e prancha partida! O potiguar teve que remar de volta na praia, pegar nova prancha e voltar para o mar. Minutos perdidos em uma final que tem apenas 35 de duração.
A atitude de tudo ou nada do campeão mundial foi um show! Italo Ferreira trabalhou, pegou mais ondas que Kanoa Igarashi, caiu, se levantou, remou e surfou a um nível tremendo. Trouxe para as águas do Pacífico o seu surfe total, físico e espetacular que valeu o título mundial em 2019 e discutir com Gabriel Medina o estatuto de número um do planeta surfe!
O ouro viaja da praia Tsurigasaki para a Baía Formosa (por 15.14 a 6.60), onde começou a história do novo campeão Olímpico, um dos membros da histórica Brazilian Storm, movimento nascido nas águas de Guarujá e que permitiu ao Brasil ser a potência número um do mundo! Do primeiro campeão vive seu apogeu.
“Eu vim com uma frase para o Japão: diz amém que o ouro vem. Eu treinei muito nos últimos meses, mas só tenho que agradecer a Deus por tudo isso. Meu intuito é ajudar as pessoas e as famílias. Eu queria que a minha avó estivesse viva para ver isso. Sou muito feliz pelo que me tornei, pelo que fiz pelos meus pais. Sempre pedi para que esse sonho fosse realizado e ele aconteceu”
Italo Ferreira à TV Globo na zona mista.
O japonês Kanoa Igarashi não teve a mesma capacidade de leitura do mar que demonstrou na semifinal. Esteve mais conservador e acabou por nunca estar confortável na final. O japonês, que vive parte do ano em Portugal e até se expressou em português na zona mista, fica com a medalha de prata.
Antes de aceder à disputa pelo ouro, Italo Ferreira despachou o australiano Owen Wright na semifinal, onde trabalhou muito e acertou pouco, tentando vários aéreos que terminaram incompletos. Valeu a experiência do brasileiro que controlou o final da bateria vencendo por 13.17 a 12.47.
Não foi um dia para mais tarde recordar para Gabriel Medina. De ultrafavorito a ficar sem medalha é uma trajetória inesperada.
Começamos pelo final da história, a perda da medalha de bronze para o australiano Owen Wright, surfista que em Tóquio 2020 fez a primeira semifinal da temporada e que foi eliminado por Italo Ferreira na ronda anterior. Wright venceu com 11.97 sobre os 11.77 Gabriel Medina, dominador da época 2021 e líder do ranking mundial.
O dia difícil para Gabriel Medina tinha começado horas antes na praia Tsugiraki onde entrou muito agressivo e com dois aéreos roçando a perfeição liderando toda semifinal contra Kanoa Igarashi, até que a oito minutos do final da bateria o japonês pegou uma onda mediana e a transformou em 9.33! Nota muito alta para uma rotação aérea perfeita duas vezes conseguida pelo brasileiro na mesma bateria e pontuada abaixo de 9.00; Igarashi virou o placar 17.00 a 16.76 deixando Medina sem tempo para reagir.
Podia ter havido festa da lusofonia na briga pelas medalhas em Tóquio 2020, mas o sonho não se concretizou com as eliminações de Silvana Lima e Yolanda Sequeira.
A cearense foi eliminada pela norte-americana Carissa Moore por 14.26 a 8.30 e acabou fora das medalhas.
“O mais difícil foi que eu não encontrei boas ondas e a Clarissa conseguiu. Eu foquei tudo nessa medalha, mas ela não veio. A Silvana não parou não. Espero disputar outra Olimpíada – disse Silvana Lima após a eliminação.”
Também o surfe português sai de Tóquio 2020 com 9º lugar de Teresa Bonvalot e o 5º de Yolanda Sequeira, que ficou pelas quartas de final eliminada por Bianca Buitendag.
“Queria ter ido mais para a frente. Eu gosto destas condições, mas não consegui fazer mais do que uma manobra. A Biana conseguiu uma onda com mais manobras do que eu e recebeu maior ‘score’. Recebi um diploma, nos primeiros Jogos Olímpicos de sempre, quero agradecer a Portugal inteiro pelo apoio. Senti mesmo no meu coração.”
Yolanda Sequeira em declaração à RTP portuguesa.
Após as pratas de Kelvin Hoefler e Rayssa Leal, os bronzes de Daniel Cargnin e Fernando Scheffer, finalmente chegou o ouro para o Brasil em Tóquio 2020.