FLIP 2023: Diversidade e inclusão são celebradas na festa
25 de novembro de 2023A Festa Literária Internacional de Paraty – FLIP, que se encerra neste domingo (26/11), está sendo marcada diversidade e inclusão. A começar pela prevalência feminina na programação oficial; dos 44 autores convidados, 33 são mulheres. Além disso, a escolha da homenageada deste ano, a escritora Patrícia Galvão, a Pagu, já é um chamamento à igualdade de gênero, já que a escritora é um nome caro ao feminismo brasileiro.
Além da ênfase na programação oficial, a presença feminina na literatura ganha destaque nas mais de 30 casas parceiras do evento. A Casa Gueto, por exemplo, homenageia Tula Pilar, poeta, negra, mineira, mãe de três e que participava e organizava saraus em São Paulo. Além disso, a temática é recorrente em debates, oficinas e workshops realizados pela cidade.
A edição deste ano da FLIP também recebe a primeira casa voltada à temáticas LGBTQIA+. A Casa Queer aborda, entre outros temas, literatura jovem LGBT e feminismo lésbico. A iniciativa conta com o apoio do grupo Paratodes Paraty, inciativa de cunho social para acolhimento ao público LGBTQA+ na cidade.
Outra estreia na edição deste ano da FLIP é a Casa das Favelas, que surge como vitrine à literatura de margem e das periferias do país. Organizada pela Agência de Notícias das Favelas (ANF), a casa está reunindo artistas e pensadores de favelas e periferias brasileiras. Ainda estão incluídos no evento discussões relacionadas à realidade negra na dramaturgia, comunidades tradicionais quilombolas e indígenas e, até mesmo, dramaturgia para autistas.
Iniciativa literária defende pluralidade de vozes
Mais uma iniciativa que participa pela primeira vez da FLIP é o projeto “Toma Aí Um Poema”, que possui o compromisso de promover a diversidade e a inclusão no mundo literário. Lançado pela poeta finalista ao prêmio Jabuti em 2022, Jéssica Iancoski, a iniciativa viabiliza a publicação de livros por meio de financiamento coletivo, dando voz a poetas diversos. Além disso, por não possuir fins lucrativos, a iniciativa abre mão dos direitos autorais para que os autores os possuam por inteiro.
Na FLIP, a iniciativa está defendendo o lema “Publicar é um direito”, reforçando a importância da democratização do acesso ao mercado editorial. “O direito de publicar é uma celebração da liberdade de expressão e da crença de que todas as vozes têm valor e merecem ser compartilhadas. Cada voz única adiciona uma nova dimensão à rica tapeçaria da literatura, e é nosso dever apoiar aqueles que estão dispostos a compartilhar sua visão com o mundo”, destaca Iancoski.
De acordo com a poeta, a literatura tem o poder de refletir e moldar a visão de mundo. Assim, quando histórias de grupos marginalizados são contadas, elas enriquecem o cenário cultural com novas cores e texturas. “Essas narrativas oferecem perspectivas únicas, desafiando estereótipos e preconceitos, e abrindo caminho para uma compreensão mais profunda e inclusiva das diversas experiências humanas”, citou.
Além de poetas consagrados, a “Toma Aí Um Poema” dedica especial atenção aos talentos emergentes, privilegiando originalidade, qualidade e as mensagens a serem transmitidas. “Acreditamos que é nosso papel oferecer uma plataforma para esses autores promissores, dando-lhes a oportunidade de compartilhar suas obras com o mundo. Mais do que isso, acreditamos que incentivar a escrita e a publicação de novos autores é fundamental para a saúde e a diversidade da poesia”, disse Iancoski.
Durante a FLIP 2023, a “Toma Aí Um Poema” está promovendo atividades em dois locais: na Casa Ópera e na Casa Gueto. A programação inclui 10 lançamentos, oficina de poemas, workshop de escrita, sarau e confraternizações. Entre os destaques, estão os lançamentos das antologias “Poetas do Ano 2023: Publicar é um direito” e “Pelo Direito de Existir”, ambas viabilizadas por meio de financiamento coletivo.
A antologia “Poetas do Ano 2023: Publicar é um direito” celebra a expressão poética contemporânea, reunindo talentos emergentes e poetas em atuação. A publicação reúne estilos e temas variados, destacando as emoções que a poesia pode oferecer. Já a antologia “Pelo Direito de Existir” trata justamente de inclusão e do direito de cada voz ser ouvida.
Sobre a Toma Aí Um Poema
A “Toma Aí um Poema” é uma iniciativa social de acolhimento, incentivo e desenvolvimento da escrita e da leitura. Mantém um podcast de mesmo nome, com mais de 65 mil ouvintes somente no Spotify, o que o torna o maior de literatura falada no Brasil. Nas redes sociais, promove a popularização da poesia, além de incentivar a discussão sobre temas relevantes abordados nos poemas. Como editora, viabiliza a publicação de livros físicos, digitais e revistas, fazendo circular novos pontos de vista dentro da literatura brasileira.