Análise aponta mais de 7 milhões de coliformes fecais despejados na Praia de Pitangueiras

Análise aponta mais de 7 milhões de coliformes fecais despejados na Praia de Pitangueiras

30 de janeiro de 2024 0 Por Redação Em Notícia

Além disso, relatório comprovou a existência elevada da bactéria Escherichia coli

Mais de 7 milhões de coliformes fecais por 100 mililitros de água. Esse foi o resultado da análise da água colhida no despejo de canalização de águas pluviais na Praia de Pitangueiras, no trecho entre as ruas Santos e Brasil, na avenida Marechal Deodoro da Fonseca, em Guarujá. Ficou contatada também a presença de mais de 2 milhões de Escherichia coli, bactéria que se encontra normalmente no trato gastrointestinal inferior dos organismos de sangue quente. A análise faz parte de uma campanha de conscientização da Associação Guarujá Viva (AGUAVIVA) e as amostras coletadas no dia 9 de de janeiro passado. Essa é uma parte do programa mais amplo que vai abranger todas as praias da Cidade.

“O laudo confirma presença de coliformes fecais em quantidade alarmante nas águas que chegam a três praias de Guarujá pelos dutos de águas pluviais. Os relatórios apontam a existência de ligações clandestinas de esgoto que chegam às praias. São três resultados de águas coletadas. Nas praias do Tombo; Astúrias e Pitangueiras. Nos dois primeiros, a análise foi qualitativa e, no último, a análise foi quantitativa, demonstrando que o esgoto in natura está sendo despejado na praia, indicando a existência de ligações clandestinas de esgoto. A Prefeitura de Guarujá tem poder de Polícia e precisa descobrir quem está jogando esse esgoto ali, já que ele deveria ser escoado para o emissário submarino. Isso também reforça o nosso pedido que a Sabesp realize o mais rápido possível o caça-esgoto que ajuda a diminuir ou resolver o problema. Nós pedimos um cronograma para eles e não fomos ouvidos pela empresa”, afirmou José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da AGUAVIVA.

ESPECIALISTA

Segundo de Jeffer Castelo Branco, técnico em Meio Ambiente, as águas salinas do mar em praias são de recreação de contato primário, ou seja, contato direto e prolongado com a água que permite a natação e o mergulho, com alta possibilidade de o banhista ingerir água. Conforme a Resolução Conama 357 de 2005, as águas salinas para esse fim são as definidas como de classe 1, que podem conter no máximo até 1.000 coliformes fecais (termolerantes) por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos seis amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A portaria GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021 estabelece que na água para consumo humano o valor máximo permitido para coliformes totais e escherichia coli em 100 mL é “AUSENTE”.

No parecer do especialista ele cita que, de acordo com o Laboratório de Controle de Qualidade de Alimentos da UFG, os coliformes podem causar dores abdominais, diarreia, náuseas e vômitos. Em indivíduos desnutridos, a gastroenterite pode durar várias semanas, levando a um quadro de desidratação grave. Pode ocorrer sangue nas fezes e ausência de febre. A enterocolite hemorrágica pode evoluir para uma doença grave chamada Síndrome Urêmica Hemolítica (HUS).

Castelo Branco destaca também que conforme Larry M. Bush, no manual da MSD, a Escherichia coli (E. coli) compreende um grupo de bactérias Gram-negativas que residem normalmente no intestino de pessoas saudáveis, mas algumas cepas podem causar infecção no trato digestivo, trato urinário ou muitas outras partes do corpo. A infecção mais comum é a do trato urinário, como a infecção da bexiga em mulheres. E entre outras infecções que podem resultar da E. coli incluem: gastroenterite, prostatite, doença inflamatória pélvica, infecção da vesícula biliar, do pé em pessoas com diabetes, meningite em recém-nascidos, pneumonia e outras.

Conclusão

Jefer Castelo Castelo considerou que o resultado da amostra para coliformes termotolerantes mostrou em uma única amostra níveis extremamente elevados para coliformes totais e termotolerantes (fecais). “Isso pode ser resultado de emissões de esgoto sem tratamento e/ou de ligações irregulares na rede de águas pluviais, recomenda-se que o poder púbico repita a análise imediatamente, com participação do controle social, em períodos diferentes do dia, e em persistindo o problema, fazer uma busca para a eliminação dos pontos de contaminação”, declarou.

As análises foram feitas pelo laboratório Mérieux NutriSciences (Bioagri Laboratórios Ltda).

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