7 de setembro e o relógio que fazia toc-toc
30 de agosto de 2021 0 Por Haroldo Barbosa FilhoQuando criança, às vezes visitava meus avós e tios em uma calma cidade do interior paulista. Eles possuíam um relógio carrilhão na parede que, a cada movimento do pêndulo, soava de um jeito todo próprio: ao invés do tradicional tic-tac, ele repetia um som grave e seco. Toc-toc, toc-toc…. Dormia na sala onde ficava esse relógio, que embalava meu sono até ir para o mundo dos sonhos infantis. O toc-toc era meu amigo.
Hoje, ouço sons parecidos. Só que, ao contrário daquele, me tiram o sono. Eles são cada vez mais fortes, dada a crescente ansiedade pela chegada do dia 7 de Setembro com todas as esperanças, apreensões e outros sentimentos que a data carrega. Para uns, a celebração dessa Declaração da Independência, a completar 199 anos, está demorando demais. Para outros, o tempo corre em velocidade impressionante. Só que ninguém fala sobre os desfiles cívicos (que não ocorrerão, culpa da pandemia provocada pelo coronavírus), nem a respeito do descanso no feriado.
Há a nítida sensação – ou até, a certeza – de que algo está prestes a acontecer, a partir desse dia. Algo que será um divisor de águas entre o país atual e outro que está em final de gestação. O certo é que nunca mais será o mesmo. Uma multidão impossível de mensurar com antecedência sairá às ruas. Espero que ela exponha suas opiniões sobre o país desejado e faça suas reivindicações de modo livre e pacífico. Que sua expressão seja levada a sério, assegurada e transformada em ações para a felicidade de todos. Que a democracia vença. E que os ventos, já tão revolutos no mundo inteiro, se acalmem nestas partes.
Só falta chegar o dia 7 de Setembro para que se cumpra o vaticínio de um Brasil de Primeiro Mundo. Ou não. O dado foi lançado (alea jacta est), como disse Júlio César momentos antes do embate com Pompeu, em 49 a.C.
Enquanto isso, o relógio faz toc-toc. Um som repetitivo, que traduz as batidas em uma porta que precisa ser aberta para dar passagem ao futuro, sem necessidade de ser destravada à força, conforme a maneira de agir de Júlio César.
Sobre o Autor
Haroldo Barbosa Filho nasceu em 03.06.1961, é natural de Jardinópolis - SP e atualmente reside em São Paulo – SP – Brasil. É jornalista e redator publicitário. Como escritor e poeta, publicou as seguintes obras: • "Milagres acontecem" - obra de espiritualidade – Editora Vozes (2004). • "Se eu consigo, você consegue" – obra de sociologia – Editora Vozes (2004). • "Um anjo no Paraíso" – romance histórico e biográfico sobre a vida de São José de Anchieta e sua participação na história do Brasil Colônia (Século XVI) – Edições Loyola (2009). • “Gwendydd” – romance – Clube de Autores (2010). • "Yamiuna" – romance juvenil – Editora Cuore/Editorial 5 (2011). • "Caminhos" – obra de sociologia – publicação da Prefeitura de São José dos Campos (2011). • “Cadê meu lanche?” – conto infantil – Editora OAK Books (2016). • “Um dia, uma vida” – poemas – Editora OAK Books / Clube de Autores (2016). • “Histórias pra gente ler enquanto cresce” (em inglês: “Stories for us to read while we grow up”) – conto infantil publicado em nível internacional pela Amazon (2016). • “Breves Palavras” (em inglês: “Brief Words”) – livro de poemas bilíngue publicado em nível internacional pela Amazon (2017). Também participa com poemas nas coletâneas: • "Mulher e Ponto & Homem e Ponto" – Editora Litteris (2014). • "Diário do Escritor 2015" – Editora Litteris. • Primeira Coletânea Literária da Academia Luminescência Brasileira – Poemas (2016). • Coletânea “Mulher é inspiração, homem é gratidão” – Editora OAK Books – Poemas (2016). • Coletânea “Asas à Poesia” – Editora Liberum – Poemas (2017). • É vencedor do V Prêmio Canon de Literatura, com poema publicado em coletânea pela Editora Scortecci (2012).