Italiano radicado no Brasil ajuda a preservar a memória ferroviária no país

Italiano radicado no Brasil ajuda a preservar a memória ferroviária no país

12 de junho de 2024 0 Por

Ribeirão Preto,SP 12/6/2024 – Pelo menos duas ou três vezes por semana adianto alguma pintura ou customização nos trens, ou mesmo mexo neles só para admirá-los.

Apaixonado por trens, morador de Nova Lima, na divisa com Belo Horizonte, aderiu ao hobby do ferreomodelismo para matar a saudade dos áureos tempos das ferrovias

Seja para relaxar, divertir-se, desestressar ou mesmo cultivar o amor pelas ferrovias, muitas pessoas têm aderido ao hobby do ferreomodelismo, afinal, o trem elétrico é uma opção para quem está procurando algo para entreter a mente e passar o tempo.

Em Nova Lima, divisa com Belo Horizonte, o jornalista Emilio Camanzi, de 76 anos e radicado no Brasil desde 1952, sempre gostou muito de carros, aviões e trens, e o hobby do ferreomodelismo começou por influência de um amigo quando ele ainda morava em São Paulo e se tornou sócio da SBF (Sociedade Brasileira de Ferreomodelismo.

Ele não tem uma data exata em mente, mas já são mais de 45 anos desde que começou a rodar as duas composições da Frateschi que possuía, mas ainda não tinha onde usá-las. “Ao me mudar para Nova Lima, em 1992, tornei-me sócio da AMF (Associação Mineira de Ferreomodelismo) para continuar curtindo o hobby, do qual já tinha bastante material”, afirma Camanzi. A Frateschi Trens Elétricos, empresa com sede em Ribeirão Preto, no interior paulista, é a única fabricante de trens elétricos em miniaturas e réplicas de composições reais na América Latina.

Atualmente, Camanzi tem mais de 80 locomotivas e cerca de 300 vagões, que rodam em sua maquete. “Normalmente dedico mais tempo ao hobby aos sábados, quando não estou em viagens ou compromissos familiares. Porém, pelo menos duas ou três vezes por semana adianto alguma pintura ou customização nos trens, ou mesmo mexo neles só para admirá-los ou ver se continua tudo em ordem”, afirma.

Esta paixão por trens nasceu quando ele ainda morava na Itália. “Meu pai trabalhava da Estação Ferroviária de Bologna. Não era ferroviário, e sim o responsável pelo entreposto militar, visto que a cidade é o principal centro ferroviário do país. No pós-guerra, praticamente todas as composições que se deslocavam pelo país com militares passavam por lá”, fiz. De acordo com ele, seu pai curtia trens e quando o levava para a estação, Camanzi ficava andando com os amigos maquinistas dele nas locomotivas de manobra. “Dessa forma, não poderia dar outra, o vírus do trem me pegou. Quando estávamos construindo a maquete, minha esposa, Vania, e minha filha, Camila, ajudaram na construção de montanhas, casas, estruturas e outros elementos, além de pintura de figuras”, conclui Camanzi.

O ferreomodelismo é um dos hobbies mais antigos do mundo, e sua origem remonta ao período em que o transporte ferroviário foi adotado massivamente. As primeiras miniaturas de trens foram fabricadas por volta de 1830, por artesãos alemães. De lá para cá, muita coisa mudou, principalmente no Brasil, onde o transporte de passageiros pelas ferrovias deixou de acontecer, com exceção dos passeios turísticos. Mesmo assim, a paixão de algumas pessoas por este hobby se intensificou.

“O ferreomodelismo é uma mistura de entretenimento, baseado em modelos de escala, e arte. É preciso ter capacidade de observação para se construir uma maquete, pois todo esse trabalho de reprodução do mundo real é totalmente artesanal”, comenta Lucas. “As pessoas pensam que o transporte ferroviário morreu, mas ele está vivo e em expansão. A ferrovia é de valor estratégico imprescindível para um país como o Brasil, e este crescimento ajuda a fomentar ainda mais a paixão que muitos brasileiros têm pelos trens”, finaliza Lucas.

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