Vape: especialistas apontam ações contra abstinência
30 de janeiro de 2024Guarulhos, SP 30/1/2024 – “Nicotina gera ansiedade. Em se considerar a grande quantidade nos cigarros eletrônicos, não ajuda a melhorar o mal-estar causado pela falta da substância.”
A modelo Yasmin Brunet admitiu, durante participação no BBB 24, da TV Globo, que estava sentindo os efeitos da abstinência do vape. Presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia afirma que existem dois
milhões de usuários de cigarros eletrônicos no País.
O consumo de cigarros eletrônicos no Brasil voltou a ser tema neste início de 2024. Isso porque a modelo Yasmin Brunet, uma das participantes do BBB, da TV Globo, admitiu que estava sentindo os efeitos da ausência do dispositivo. “Estou sem dormir. Estou sem meu vape. Estou quase indo ali fumar um cigarro”, afirmou durante uma conversa com a cantora Wanessa Camargo.
Assim como o cigarro convencional, o vape causa dependência e a ausência do consumo após uso frequente pode causar oscilações de apetite, sono e instabilidade de humor. Sofrendo com os sintomas da abstinência de nicotina, poucos dias depois, Yasmin passou a fumar cigarros convencionais no programa. Apesar de ser visto por muitas pessoas como uma alternativa menos prejudicial à saúde do que o cigarro comum, o vape apresenta maior potencial para viciar o usuário.
A médica psiquiatra do PROJAD/IPUB e Serviço de Psiquiatria do Hospital Clementino Fraga Filho/UFRJ Carolina Costa afirma que a regulação emocional é a primeira impactada pelo consumo de nicotina. “Os picos e vales dos níveis de nicotina geram ansiedade e seu consumo acaba transformando-se em um mecanismo evitativo, isto é, fumar evita o mal-estar emocional causado pela falta da nicotina. Em se considerar a grande quantidade de nicotina presente nos cigarros eletrônicos, e que sua meia vida curta mantém os “picos e vales” de nicotina, eles consequentemente não ajudam a melhorar o mal-estar causado pela falta da substância”, analisou durante o Summit de Saúde Respiratória, realizado pela Associação Crônicos do Dia a Dia (CDD).
A mestre em Psiquiatria e colaboradora do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo do IDT/UFRJ também falou sobre o tratamento nesses casos: “Para isto, é necessário substituir o cigarro (eletrônico ou comum) por algo que tenha a meia vida mais duradoura, que forma um platô da substância e assim pode ir sendo reduzido gradualmente, como é o caso dos adesivos de nicotina. O Brasil é um dos únicos países que disponibilizam este tratamento gratuitamente”. Na avaliação de Carolina Costa, “existe uma relação entre tabagismo passivo de cigarros eletrônicos com uma piora na saúde mental – o que já é comprovado em relação ao cigarro normal. A nicotina afeta também o sono, fator essencial para uma boa saúde mental”. Além disso, psicoterapia, uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas podem auxiliar durante o processo.
Em julho de 2022, de forma unânime, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária decidiu manter a proibição à comercialização desses produtos, que está em vigor desde 2009. O Senado também abriu uma consulta pública para saber a opinião da população sobre o consumo e venda de vapes no Brasil. Em audiência pública na Câmara dos Deputados em agosto do ano passado, a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Margareth Dalcolmo, afirmou que existem dois milhões de usuários de cigarros eletrônicos no País.
Sobre a CDD
A associação Crônicos do Dia a Dia (CDD) é uma organização sem fins lucrativos e acredita que o diálogo é a ponte para que ninguém precise conviver com uma doença crônica sozinho. O objetivo do trabalho da CDD é apoiar todo o potencial humano para ampliar as perspectivas de vida das pessoas com condição crônica de doença, através de projetos e conteúdos, para que as pessoas não sejam definidas nem reduzidas a seus diagnósticos.
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